quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Sinal amarelo no mercado

Correio Braziliense - 05/01/2012
 


FMI adverte que filiais latino-americanas de instituições financeiras europeias podem sofrer impacto se a turbulência se agravar
Washington — O agravamento da crise financeira da Zona do Euro poderá contaminar bancos com filiais na América Latina, advertiu ontem o responsável para a região no Fundo Monetário Internacional (FMI), Nicolás Eyzaguirre. "Se a crise financeira na Europa se agravar, o impacto sobre a estabilidade financeira das filiais de bancos da Zona do Euro na América Latina pode ser muito maior", explicou o funcionário, em um blog para avaliar as perspectivas econômicas do continente latino-americano.
Segundo Eyzaguirre, algumas filiais de bancos da Zona do Euro detêm até 25% dos ativos bancários de países latino-americanos, e muitas dessas instituições financeiras estão adotando políticas de crédito mais conservadoras para reforçar seus balanços. O Banco Espanhol, que enfrenta crescentes problemas de financiamento, possui 25% do mercado no México, no Chile e no Peru.
"Apesar de estes bancos terem tido a precaução de financiar a maior parte de suas atividades na América Latina com depósitos de residentes e em moeda local, é possível que gerem uma grande demanda por fundos em dólares, seja por uma menor oferta de suas casas matrizes ou por um corte das linhas de crédito externas", disse Eyzaguirre.
A retração do crédito poderá ser mais um elemento limitador do crescimento da região, que já vem sendo afetada pela estagnação econômica dos países desenvolvidos. Segundo o FMI, a América Latina deverá crescer 4% em 2012.
Brasil
O Banco Central não quis comentar as declarações do funcionário do FMI, mas, em nota ao Correio, procurou destacar a solidez do Sistema Financeiro Nacional. "A exposição do sistema brasileiro aos riscos é baixa", diz a nota. O documento observa que bancos estrangeiros são responsáveis por apenas 17% do crédito no país, sendo que a fatia das instituições europeias não supera 14%.
Além disso, cerca de 80% das operações de créditos dos bancos estrangeiros são realizadas com recursos captados no mercado brasileiro. Fontes europeias de recursos representam apenas 3% das captações totais do SFN. A autoridade monetária salienta ainda que, no Brasil, as instituições financeiras de capital estrangeiro são subsidiárias integrais das matrizes, o que sujeita essas filiais às regras e à supervisão do Banco Central. E afirma que as instituições que operam no país estão bem capitalizadas: elas mantêm R$ 450 bilhões depositados no BC e possuem uma relação entre capital e ativos que alcança 16%, acima do normalmente recomendado pelos padrões internacionais.

Nenhum comentário :

Postar um comentário