segunda-feira, 18 de março de 2013

Em dez anos, renda dos que têm ensino superior cresceu só 0,7%


Autor(es): Por Arícia Martins | De São Paulo
Valor Econômico - 18/03/2013

O rendimento médio real dos trabalhadores com ensino superior foi o que menos cresceu na última década nas seis principais regiões metropolitanas do país, mas ao mesmo tempo deu a principal contribuição para o aumento da renda da população ocupada no período. Segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta de apenas 0,7% da remuneração dos ocupados com esse nível de escolaridade entre 2003 e 2012 foi responsável por mais de 60% do avanço total dos salários nos últimos nove anos, descontada a inflação.


O rendimento médio real dos trabalhadores com ensino superior foi o que menos cresceu na última década nas seis principais regiões metropolitanas do país, mas ao mesmo tempo deu a principal contribuição para o aumento da renda da população ocupada no período. Segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta de apenas 0,7% da remuneração dos ocupados com esse nível de escolaridade entre 2003 e 2012 foi responsável por mais de 60% do avanço total dos salários nos últimos nove anos, descontada a inflação.
De acordo com o IBGE, a renda real nas regiões analisadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) cresceu 27,2% no período. Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador do Ibre-FGV, trabalhou em seus cálculos com uma alta de 25%, porque nem todos os entrevistados informam seu nível de estudo. Deste total, 15,5 pontos percentuais foram gerados pela população ocupada com formação universitária. Na outra ponta, a faixa que reúne os trabalhadores sem instrução e com menos de oito anos de estudo - que viu seus rendimentos saltarem 37% de 2003 a 2012 - contribuiu negativamente, com menos 2,6 pontos, para a variação da renda total na mesma comparação.
"A renda da economia cresceu não porque a renda de quem tem ensino superior cresceu, mas porque aumentou a proporção de trabalhadores com essa formação. Quando a população fica mais educada, ela passa a ganhar mais", explica o pesquisador do Ibre. Os profissionais com 11 anos ou mais de estudo representaram 62% da população economicamente ativa (PEA) no ano passado, ante 45,8% em 2003. Em igual período, a fatia de pessoas sem instrução ou com menos de oito anos de estudo na PEA recuou de 34% para 21%.
O movimento de escolarização da força de trabalho, diz Moura, puxou para cima o rendimento dos ocupados, já que, mesmo com ganho real ínfimo se comparado a categorias que têm seus salários reajustados de acordo com o mínimo, a remuneração de um trabalhador com mais anos de estudo já parte de uma base maior. Ele nota que, a despeito do avanço real de quase 40% na última década, o rendimento médio do segmento menos qualificado pesquisado pelo IBGE foi de R$ 952,67 em 2012, menos de 25% dos R$ 4098,08 recebidos, em média, por quem tem curso superior no ano passado.
Mesmo assim, especialistas afirmam que nem sempre o bacharelado é garantia de um salário mais alto, o que explica o baixo ganho real dos ocupados com esse título. Em 2012, quando o avanço médio de 4,1% do rendimento real foi recorde da nova série da PME, os profissionais com ensino superior viram sua renda subir só 0,4%. "Houve uma grande ampliação da oferta de cursos superiores com baixa qualidade, e o reflexo disso são muitas pessoas que não trabalham em ocupações associadas à sua formação", diz o diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio.
Segundo Lúcio, o fraco aumento real dos salários de formados não invalida a análise de que há um gargalo de mão de obra qualificada. O que puxa para baixo o avanço médio desses rendimentos, diz o diretor do Dieese, é o descompasso entre o excesso de pessoas formadas em áreas menos demandadas pelo mercado, enquanto a procura por outras profissões cresce muito mais, sem que a oferta acompanhe esse movimento. "É muito difícil que um tecnólogo ou um engenheiro não receba ofertas de bons empregos, mas 70% dos formados são de humanas."
O coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper e professor associado da FEA-USP Naercio Menezes Filho afirma que há falta de profissionais formados em setores específicos, e até mesmo de trabalhadores dos quais são exigidos apenas nível médio completo (caso dos técnicos), mas as matrículas que mais cresceram junto à expansão da chamada "nova classe C" foram destinadas aos cursos de administração, direito e pedagogia, entre outros, mais baratos e com conteúdo menos técnico.
Pesquisa do Insper em parceria com a Brasil Investimentos & Negócios (BRAiN) aponta que essas e outras profissões, como turismo e enfermagem, tiveram reduções salariais na última década devido à expansão da oferta. Por outro lado, carreiras como medicina, odontologia, quase todas as engenharias e economia, entre outras, foram bem mais valorizadas.
"A pessoa que se forma em administração, por exemplo, vai ser pouco mais valorizada do que alguém que tenha segundo grau completo", diz João Saboia, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o que, em sua visão, não quer dizer que o apagão de mão de obra qualificada não exista. Para ele, a política de valorização do mínimo ainda é a principal explicação para a diferença entre o avanço da renda de trabalhadores menos e mais qualificados.

Comentários do Blogueiro: O governo Lula implantou um novo modelo de ocupação do 3º grau na educação. Em outras palavras, resolveu abarrotar as universidades, difundiu o ensino a distância e levou a cabo Prouni, FIES e etc. Modo incorreto de gerir a educação. Assumindo um custo político elevado, o governo deveria, numa solução radical, óbvio, abrir mão das gerações anteriores e investir na geração atual com melhorias a partir das creches e pré-escolares em geral. Em seguida, melhorar nível a nível, ensino fundamental, série  a série, e repetir no médio para aí sim buscar, com a oferta qualificada vindoura do ensino básico, expansão e melhorias do ensino superior e do técnico.
Entretanto, e é importante que se diga, o texto sugere que "a reforma da casa pelo telhado" está surtindo efeito. Excelente então!!!

quinta-feira, 14 de março de 2013

O café, a conta e a nota

 
 
Comentários do blogueiro: O texto mostra nitidamente uma peculiaridade nociva que permeia o pensamento de grande parte dos brasileiros: a noção de sonegar por conta da má utilização dos recursos! Sem dúvida, a utilização dos impostos no Brasil é precária, mas um erro nunca justificou outro. É como vingar um homicídio com outro.
Outra falácia comum na mídia é a questão de uma das maiores cargas tributárias do mundo. Dinamarca, Noruega, Islandia, Finlândia, Reino Unido, Suécia tem cargas entre 40% e 50% do PIB em impostos, então por o Brasil entre as maiores cargas tributárias do mundo é muito vago. Maior quanto? 15º?
Um exemplo de texto medíocre, mas que vale para o exercício de observação da ausência de fundamentos sólidos e dos discursos comumente utilizados na mídia em geral.

Autor(es): Luciana Brafman
O Globo - 12/03/2013
Entre os muitos mistérios que tenta decifrar no Rio, o que mais intriga um amigo europeu diz respeito àquilo que não pedimos após o "cafezinho e a conta". Executivo, morador da cidade há dois anos, ele simplesmente não entende por que ignoramos o hábito de solicitar ao garçom a nota fiscal. Acostumado com as benesses sociais do Velho Continente (até a crise, pelo menos), tem um raciocínio linear e racional: quanto mais impostos o empresário recolhe, mais dinheiro o governo brasileiro tem para investir em saúde, educação, estradas, segurança... Sua lógica não permite entregar ao privado o que deveria ir para o público.
Após constatar que, das três mesas que pediam a conta ao nosso redor, nenhuma quis a nota, nos resta tentar explicar o enigma ao estrangeiro: 1) Arcamos, os brasileiros, com uma das mais altas e crescentes cargas tributárias do mundo, de 36% do PIB; 2) Enforcados pelos impostos, ainda assim não há garantias de segurança, estradas, escolas e hospitais públicos de boa qualidade; 3) Estamos cansados de ver a riqueza que produzimos escorrer pelo ralo da corrupção e do mau uso do dinheiro público. O europeu, no entanto, não se conforma, pois acredita que um simples pedido de nota fiscal tem o poder de desencadear um ciclo positivo a partir de maior conscientização e cobrança. É, pode ser. Não são poucas as mudanças que partiram recentemente de mobilizações populares. A Lei da Ficha Limpa, por exemplo, no campo político.
Na área econômica, a questão tributária e o destino dos recursos precisam mesmo de uma pressão, pois estão na encruzilhada do que deve ser o próximo passo da trajetória do país após a redemocratização dos anos 1980. Em meados da década de 1990, começamos a domar a inflação, cuja taxa média era de 764% ao ano, e temos conseguido, governo após governo, um significativo avanço socioeconômico, representado por ícones como a "nova classe média". Taxas de desemprego ao redor de 5% e redução da miséria confirmam a escalada. Mas, agora, o novo capítulo que se escreve tem o título de Infraestrutura, que requer investimentos. O PIB de 2012 revela que a taxa de investimentos segue baixa, de apenas 18,1% do PIB, bem atrás de todos os Brics. Uma vergonha, pois, como sabe cada contribuinte, sobretudo nesta época de Leão, recursos não faltam. As notícias também são insistentemente reveladoras do nó em portos, aeroportos, hidrelétricas... Sem falar na burocracia, outro delírio que assombra o amigo da Europa.
Ao rodar por Nova York e Londres em busca de investidores estrangeiros para financiar um pacote de US$ 235 bilhões em infraestrutura, a equipe econômica se viu frente a frente com banqueiros e empresários céticos quanto à capacidade do país de tirar projetos do papel. Assim como a inflação foi a vilã de gerações de brasileiros, a péssima infraestrutra personifica agora a figura do Mal. Somente após vencer esta etapa, o Brasil terá um ambiente de negócios favorável.
A tática da nota fiscal me pareceu, de início, insuficiente. Até porque já é expressiva a soma de tributos paga pelos empresários. Mas o interessante é a oportunidade de mudar a cultura. A bandeira tem o peso da conscientização, com a pressão e a cobrança subsequentes. Afinal, se entendermos o cafezinho como símbolo da produção, e a conta como representação das despesas, a exigência da nota pode perfeitamente passar a simbolizar o retorno de nossos tributos, na forma de investimentos. A outra opção é esperarmos, sentados, pelo governo.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Existe uma cura para a doença brasileira?

Autor(es): Edmar Bacha
Valor Econômico - 11/03/2013


Há tempos o Brasil é conhecido como a terra dos contrastes. Hoje em dia, o contraste maior é entre uma economia que exibe pleno emprego e rápida ampliação da classe média, o que gera sensação de bem-estar na população e explica a popularidade do governo e uma outra economia, que padece de baixo crescimento e inflação elevada, o que sugere descontinuidade e crise num futuro não distante. Como romper com esse contraste e colocar o país na rota do desenvolvimento pleno?
No fim da década passada o Brasil parecia haver entrado numa fase de crescimento sustentado com inflação sob controle. Era o que sugeria tanto a trajetória favorável da economia desde 2004 como sua rápida superação da crise mundial de 2008-09. Entretanto, os "pibinhos" e a alta inflação a partir de 2011 nos indicam que a euforia econômica do período 2004-2010 teve caráter temporário, sendo explicada por fatores de natureza cíclica que se teriam esgotado em 2011.
De fato, entre 2004 e 2011, o país foi beneficiado por uma bonança externa de dimensões talvez únicas em nossa experiência histórica. Essa bonança, de quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB), foi gerada por uma explosão dos preços das commodities que exportamos e por um extraordinário influxo de capitais estrangeiros. Ela não somente gestou mas também financiou um enorme aumento da demanda interna, que se materializou num maior crescimento do investimento e do PIB. Esse crescimento pôde se manifestar sem pressões inflacionárias devido à apreciação do câmbio e à maciça incorporação de mão de obra ao processo produtivo.
Não há caminho para o primeiro mundo que não passe pela integração econômica com o resto da comunidade global
Desde 2011, houve um arrefecimento do impulso externo: os preços das commodities pararam de crescer e em alguns casos se reduziram; o influxo de capital externo reduziu-se em função do maior risco do cenário internacional e também das barreiras à entrada criadas pelo governo brasileiro. A disponibilidade de mão de obra diminuiu e o câmbio se depreciou. Voltamos então aos "pibinhos" e à inflação elevada do período anterior a 2004.
Os diagnósticos correntes sobre a doença brasileira de elevada inflação e baixo crescimento enfatizam corretamente o baixo investimento e a alta carga tributária. Menor presença no debate tem tido um terceiro fator tão ou mais importante que esses: a reduzidíssima participação do comércio exterior na atividade econômica do país. Trata-se de uma questão de natureza estatística, pois o Brasil destoa dos demais países do mundo mais nesse quesito do que na taxa de investimento ou na carga tributária. É também uma questão de economia política: uma maior integração do país no comércio internacional induziria uma redução da carga tributária e uma maior taxa de investimento. Consideremos os argumentos a respeito.
De acordo com o World FactBook da CIA, o PIB brasileiro em 2012 foi o 8º maior do mundo. Entretanto, o valor de nossas exportações de mercadorias ocupou apenas a 24ª posição. Essa discrepância entre PIB e exportações é uma anomalia brasileira, pois a Comunidade Europeia ocupou o 1º lugar tanto em termos de PIB como de exportações. Os EUA ocuparam o 2º lugar em termos de PIB e o 3º em exportações. A China ocupou o 3º lugar em termos de PIB e o 2º em exportações. O 8º maior exportador do mundo é a Coreia do Sul, cujo PIB ocupa a 13ª posição no ranking mundial. Ou seja, países ricos ou bem-sucedidos em fazer a transição para o primeiro mundo são grandes exportadores. O que não acontece com o Brasil.
Quadro igualmente deprimente se revela quando olhamos os valores das importações. Nos dados do Banco Mundial, a parcela das importações de bens e serviços no PIB do Brasil é de apenas 13%, o menor valor entre todos 176 países considerados pelo banco. Na Coreia do Sul, a parcela das importações no PIB é 54%. Na Alemanha, 45%. Na China, 27%. Mesmo os EUA com sua economia gigantesca importa 18% do PIB, quase 40% a mais do que o Brasil.
Ou seja, vivemos no país mais fechado do mundo, embora a Coreia do Norte seja um concorrente. Segundo a CIA, a participação das exportações no PIB da Coreia do Norte é mais ou menos equivalente à do Brasil.
A evidência mundial é contundente: não há caminho para o primeiro mundo que não passe pela integração econômica com o resto da comunidade internacional. Esse é o grande desafio que o país enfrenta. Para ultrapassarmos a armadilha dos países de renda média que fracassaram na travessia para o desenvolvimento pleno (como a Argentina), é imperativo formular uma estratégia para que a indústria brasileira participe das cadeias produtivas globalizadas.
Essa estratégia terá diversas dimensões, inclusive na área dos acordos comerciais. Internamente, a principal medida será o abandono do protecionismo sobre insumos ao processo produtivo, o qual se manifesta em altas tarifas às importações, elevados requisitos de conteúdo nacional e normas técnicas absurdas (como a adoção de um padrão para os vergalhões de aço distinto daquele adotado nos principais países industriais). Trata-se de implantar, de forma pré-anunciada, uma progressiva mas substancial redução das tarifas de importação, dos requisitos de conteúdo nacional e das normas técnicas e burocráticas protecionistas.
O anúncio dessas medidas deverá por em marcha três outros processos. Primeiro, haverá uma antecipação de aumento das importações, o que provocará uma depreciação da taxa de câmbio. A proteção diferenciada que antes se exercia pelas tarifas às importações e outros mecanismos transformar-se-á numa "proteção cambial" horizontal, beneficiando os setores e atividades com maior vocação exportadora. Em segundo lugar, o governo se verá pressionado a efetivamente reduzir a carga tributária sobre as empresas, de forma a dar-lhes melhores condições de competir com os produtos estrangeiros. Em terceiro lugar, a perspectiva de poder importar bens de capital e insumos mais baratos e de integrar as indústrias brasileiras às cadeias produtivas internacionais levará a uma expansão do investimento privado para adaptar as empresas brasileiras a essa nova realidade econômica.
Edmar Bacha é economista e coorganizador e coautor de "O Futuro da Indústria no Brasil: Desindustrialização em Debate" (Civilização Brasileira, 2013

quinta-feira, 7 de março de 2013

Análise: Fatores que balizam decisão apontam para direções opostas


A definição atual da trajetória dos juros é das mais complexas que o Copom teve que resolver até agora.

A deliberação está fundamentada em três fatores: o inflacionário, o crescimento e o político.
A questão é que eles não apontam numa só direção, tornando impossível uma decisão inequívoca.
O objetivo inflacionário é fazer o IPCA terminar o ano em 4,5% ou convergir para esse número. No ano passado, terminou em 5,84% e tem acelerado nos últimos meses, o que prescreveria um aumento de juros.
Apesar de alguns indicadores apontarem que parte da pressão inflacionária atual é causada por fatores conjunturais que não são afetados pela ação do Banco Central, a recomendação, apesar de não tão categórica, é na direção de elevar a taxa Selic.
A segunda variável é o impacto dos juros no crescimento da economia. Há sinais de retomada neste ano.
Quando a autoridade monetária aumenta a taxa, corre o risco de esfriar esse movimento. Se espera para subir, e a inflação continua a acelerar, o impacto final pode ser pior. Não há como saber com precisão. Isso dificulta mais a decisão.
O terceiro fator, e o mais determinante, é o político: o risco de o governo ficar refém das decisões do Copom, que deixam de ser assuntos técnicos a serem definidos pelo Banco Central e tornam-se uma questão ideológica, defendida até pela presidente da República.
Baixar os juros é um objetivo meritório que deve ser perseguido. Considerando que há uma eleição no ano que vem, o ideal seria não ter que subir a taxa até lá.
Entretanto, se a atual tendência permanecer e, na véspera do pleito, os preços estiverem disparando, teria sido melhor elevar os juros rapidamente mais cedo.
Não é uma escolha fácil, entre uma medida antipática agora e o risco de uma mais dura no futuro.
A popularidade de baixar juros altos é uma unanimidade, mas houve pouco progresso na tentativa de eliminar suas causas, como melhorias na dinâmica fiscal e reformas institucionais. Muita energia foi gasta apenas no sintoma: baixar a taxa Selic.
A monotonia e a miopia sempre dominaram o debate sobre a política monetária no Brasil, onde só se olha para a Selic. Nelson Rodrigues, que escreveu "Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola", com certeza diria o mesmo a respeito dos juros básicos.
ROBERTO LUIS TROSTER é coordenador do curso de banking da Fipe-USP.