Comentários do Blogueiro: Obvio que o projeto não irá resolver todos os problemas do Brasil na seara política, mas pode ser bastante interessante para mitigar os candidatos "especializados em vencer eleições". Na esteira de melhorias institucionais, políticas e de governança esse projeto pode servir como instrumento de mudanças importantes na esfera municipal, por vezes a mais difícil de ser atingida por mudanças significativas. Deve vingar, com o perdão do trocadilho infame, se não como projeto, mas ao menos dando um gostinho de revanche ao povo.
Aloysio Nunes Ferrira: relator
Ao que tudo indica, o cargo de vereador caberá mesmo aos altruístas
apenas. Aquela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim
da remuneração a legisladores de municípios com até 50 000 habitantes
(Mais detalhes em: O fim do salário de vereador) já tem relator e parecer quase pronto.
Cyro Miranda, autor da PEC, está vendendo otimismo. Diz que o relator
do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Aloysio Nunes Ferreira, deve entregar seu parecer até o fim do mês, e com poucas alterações no texto original.
Segundo Cyro, Aloysio planeja incluir somente a previsão de uma ajuda
de custo de um ou dois salários mínimos para cobrir custos, como
transporte e alimentação. E Eunício de Oliveira já avisou: assim que
receber o relatório, põe o projeto em votação na CCJ, o que pretende
fazer antes do recesso.
Os vereadores que passem a economizar desde já.
Especialistas explicam mecanismos da mente que nos fazem "ignorar"
sinais de problemas financeiros e dão dicas para que dificuldades sejam
identificadas mais facilmente
Por Tabata Pitol
SÃO PAULO - A pedagoga Cristina Queirós levou um susto quando
se deu conta de que estava devendo mais de R$ 70 mil. Sem saber ao
certo como as finanças chegaram a esse estágio – uma vez que não havia
comprado bem de grande valor –, ela só percebeu o tamanho do problema ao
pedir R$ 10 mil ao marido para pagar contas em atraso.
“Eu não sabia que estava devendo tanto. Sabia que tinha cartões de
crédito e empréstimos em atraso, mas não sabia o real valor das minhas
dívidas. Achei que R$ 10 mil seriam suficientes. Mas meu marido quis que
eu mostrasse tudo o que estava devendo antes de me emprestar o
dinheiro, e só quando coloquei tudo no papel percebi que estava muito
mais endividada do que imaginava”.
Cristina não é um caso raro entre os brasileiros. Muitas pessoas só
percebem que as finanças saíram do controle quando já estão muito
endividadas. “Infelizmente a própria biologia do ser humano explica por
que ele demora tanto para perceber que está em problemas financeiros.
Preferimos fingir que não estamos vendo. Acreditamos nas contas de
cabeça que nunca são exatas. Nomeamos de dissonância cognitiva o
processo que nos leva a duvidar do óbvio, a negar todos os sinais de que
algo não está indo bem”, conta o economista pela PUC-SP e especialista
em investimentos e métodos quantitativos pela FGV, Richard Rytenband.
O planejador financeiro Valter Police completa: “Não é uma coisa que
se faz de propósito, mas a pessoa vai deixando passar. Parece impossível
engordar 100 kg sem se dar conta, não é? Mas a televisão está cheia de
programas com pessoas que chegaram à obesidade mórbida sem procurar um
médico, fazer uma dieta ou começar um programa de exercícios. O mesmo
acontece quando o assunto é dinheiro”. Buscando soluções No entanto, o fato de ser algo
recorrente não significa que devemos considerar como normal. “Temos que
assumir nossas responsabilidades e nossos atos. Nos endividamos
excessivamente porque descuidamos das finanças. A culpa é nossa e só nós
podemos impedir que a situação se agrave cada vez mais”, afirma Police.
Para ele, nada é mais eficaz do que colocar, na ponta do lápis, os
gastos e ganhos para evitar o endividamento.
O consultor afirma que o ideal é, mês a mês, parar para avaliar o
orçamento e se questionar se os gastos são maiores ou menores que os
ganhos, e se está se pagando muitos juros. “Avaliando todos os meses a
pessoa vai perceber se a situação está saindo do controle e aí é hora de
parar e cortar os gastos supérfluos. Não é uma coisa gostosa de fazer,
ninguém gosta de constatar que tem um problema, que não está dando
conta. Mas quanto mais se deixa passar, pior vai ficar. Então, embora
seja dolorido, quanto antes identificar o problema, melhor. Os juros no
Brasil são altíssimos e podem elevar uma dívida rapidamente”, revela
Police.
Patrícia Santos é um exemplo. Não imaginava que os meses que ficou
sem pagar o cartão de crédito, o cheque especial e o financiamento do
carro popular, após ficar desempregada, resultariam em uma dívida de
quase R$ 50 mil. “É muito difícil você descobrir que deve R$ 50 mil e
não ter um patrimônio nesse valor. Não tinha ideia de que devia tanto
até os avisos de cobrança começarem a chegar. Minha dívida era de
roupas, passeios e o carro, que não custava mais do que R$ 20 mil, mas
ainda não estava quitado. Não sei como cheguei a esse ponto sem
perceber, mas sei que os juros ajudaram bastante. Precisei pegar
empréstimos de familiares, vender o carro, e paguei primeiro o que
cobrava mais juros”, conta a publicitária. Hábitos perigososAlém de observar e avaliar
atentamente os gastos, os especialistas afirmam que há vários sinais de
que uma pessoa vai enfrentar um problema financeiro. “Tem gente que se
engana. Já ouvi clientes dizendo que gastaram muito em determinado mês
porque tiveram um acidente de carro. Isso acontece, claro. Mas é por
isso que é fundamental ter seguro e plano de saúde. Também já ouvi a
justificativa: tive um imprevisto, o IPVA (Imposto de Propriedade de
Veículos Automotores). Ora, todos sabemos que IPVA não é imprevisto.
Então, o primeiro passo é parar de se enganar e assumir que você está
descontrolado”, garante Police.
Rytenband completa: “é preciso saber identificar problemas e
comportamentos de risco. Uma pessoa estourada no cheque especial,
pagando 10% de juros ao mês, e que tem dinheiro na poupança - mas não o
usa para quitar essa dívida - tem dificuldades para identificar
comportamentos de risco. É comum a pessoa alegar que não quer mexer na
poupança, “pois aquele é o único dinheiro que ela tem”, mas manter um
investimento que rende 0,5% ao mês e continuar pagando 10% de juros
certamente vai levá-la à falência”.
Mas, para o planejador financeiro da Police Consultoria, o sinal mais
claro de um provável problema é o aumento no nível de endividamento. “É
fácil perceber. Uma pessoa que não pegava dinheiro no banco e que, de
repente, começa a entrar no cheque especial, passa a considerar o limite
do cheque parte do salário. Quem vez ou outra pega um empréstimo no
caixa eletrônico e depois começa a pegar um empréstimo para pagar outro
vai enfrentar sérios problemas. A mesma coisa com o cartão de crédito:
primeiro a pessoa compra no cartão e paga a fatura. Depois começa a
parcelar as compras no cartão, aí para de pagar o total da fatura, em
seguida começa a parcelar itens como supermercado no cartão e, por fim,
pega empréstimo para pagar o cartão. É um caminho longo com sinais que
podem ser percebidos se a pessoa estiver atenta às mudanças no seu
comportamento”.
De fato, Cristina admite que faltou atenção aos seus gastos e
comportamentos. “Foi preciso levar um grande choque para perceber que eu
estava descontrolada. Percebi que gastava muito dinheiro com mimos para
os meus filhos, sempre usando a desculpa de que eles mereciam tudo de
melhor. Realmente merecem, mas já entendi que tenho que dar a eles o que
meu orçamento permite. Mesmo tendo essa consciência é difícil
controlar. Meu marido está me ajudando para que eu não cometa os mesmos
erros. Felizmente, eu pude contar com o dinheiro que ele poupava para
pagar as dívidas, senão eu ainda estaria pegando empréstimos, fazendo
novas dívidas, tanto para tentar quitar o que estava devendo, quanto
para consumir ainda mais”.
Valter elogia a atitude de Cristina. “A família precisa estar perto
nesse momento. Aliás, eu defendo que o orçamento deve ser feito e
avaliado por todos da família. Não adianta um se controlar e os outros
gastarem demais. Manter os gastos dentro de um limite deve ser um
compromisso de toda a família”.
O motivo que levou Cristina a se endividar é o mesmo que leva muitas
pessoas aos problemas financeiros: comprar por achar que merece.
“Todo mundo, quando vai comprar algo mais caro, usa essa afirmação:
eu mereço, trabalho tanto. Provavelmente mereça mesmo, mas esses agrados
podem trazer uma grande dor de cabeça. A verdade é que quem não atingiu
a independência financeira não deveria se dar ao luxo de ter algumas
coisas. Carrão e casa de praia não são sinônimo de uma boa situação
financeira. Ao contrário, são bens que trazem despesas e podem
comprometer muito o orçamento de uma pessoa. É preciso ter cuidado ao
proferir a frase ‘eu mereço’”, alerta Richard Rytenband. Independência financeiraO economista explica
que, para evitar definitivamente os problemas, o caminho é óbvio:
atingir a independência financeira (conseguir que os lucros - gerados
por bens e investimentos - paguem todas as despesas mensais), para que a
pessoa não precise de fontes externas de renda, nem mesmo do salário.
“Sei que isso não é fácil, mas é possível. O problema é que a
mentalidade das pessoas está errada. Por exemplo, as pessoas não têm que
poupar com o objetivo de ter uma reserva para a aposentadoria, o ideal é
adotar hábitos que levem a conquistar a independência financeira antes,
para ter rendimentos durante a aposentadoria. Mas, para conseguir isso,
é preciso ter investimentos e uma sobra constante. É fato: só vai se
dar bem quem gasta menos do que ganha”, afirma o professor, que
completa: “e também é importante saber que não é possível conquistar
esse patamar apenas poupando. Para conseguir isso é preciso investir, já
que a poupança apenas evita que o dinheiro perca seu poder de compra”,
aconselha Rytenband. Teste rápidoRichard Rytenband elaborou um teste
para você identificar se é candidato a problemas financeiros. Se você
identificar, em seu comportamento, pelo menos três atitudes das cinco
descritas a seguir, pode enfrentar dificuldades se não alterar
rapidamente sua forma de agir.
1 - Gasta tudo que tem ou mais do que tem.
2 – Tem qualquer forma de dívida, principalmente cartão de crédito e cheque especial.
3 - Não tem o hábito de investir.
4 - Não é “útil” para a sociedade: sem utilidade social, se a pessoa
ficar desempregada, não consegue se reposicionar. Sem ganhos, não há
como atingir a independência financeira. É fundamental investir em si
próprio para se tornar útil.
5 – Não tem consciência de que o dinheiro perde valor ao longo dos
anos – sem essa consciência, a pessoa deixa o dinheiro em investimentos
muito conservadores, que não trazem lucro.
O Ministério do Esporte ainda não sabe, ou ainda não informou a
população, mas as autoridades do governo do Estado do Amazonas e da
Prefeitura de Manaus já desistiram de construir, em tempo para a Copa do
Mundo de 2014, as duas obras de mobilidade urbana que se comprometeram a
executar para o Mundial.
Em janeiro de 2010, o governo estadual comprometeu-se a construir uma
linha de monotrilho, atualmente orçada em R$ 1,3 bilhão (sendo R$ 600
milhões de verbas federais). Já o município de Manaus assumiu a
obrigação de fazer um sistema de corredores de ônibus integrado (BRT, ou
Bus Rapid Transit), no valor de R$ 290 milhões (sendo R$ 200 milhões
dos cofres da União).
MANAUS NÃO ESTÁ SOZINHA
Das cinco cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 que incluíram em
seu planejamento oficial para o evento a construção de linhas de trem de
superfície, quatro não deverão entregar as obras antes do início do
Mundial de futebol, em junho de 2014. São elas: Brasília, Cuiabá (foto),
Manaus e São Paulo.
O plano de construir os modais foi aprovado pelo Ministério das
Cidades, e assim passou a constar na chamada Matriz de Responsabilidades
da Copa, por serem consideradas intervenções essenciais para que a
capital amazonense pudesse ser uma das sedes da Copa de 2014. A tal
matriz, que sofre atualizações trimestrais, via de regra corrigindo para
cima o custo dos empreendimentos e empurrando para frente a data de
entrega das obras, ainda prevê as duas obras de mobilidade de Manaus.
No dia 1º deste mês, porém, o governador do Amazonas, Omar Aziz (PDT), e
o prefeito eleito de Manaus, Artur Neto (PSDB), informaram a população
que já não pensam mais em construir os sistemas de transporte a tempo
para a Copa.
“Não teremos tempo para concluir esses projetos até 2014. Tanto o
monotrilho, quanto o BRT, dificilmente teriam condições de serem
concluídos até a Copa", afirmou o governador, no que foi endossado pelo
prefeito eleito de Manaus: "Dialogamos sobre a implantação ao longo de
quatro anos de um sistema de transporte de massa moderno".
E, para que o trânsito na cidade não fique caótico em dia de jogos, o
governador tem a solução: "A capacidade da Arena da Amazônia é de 42 mil
pessoas, isso cabe facilmente no Sambódromo (onde acontecem eventos
todos os anos na cidade). As pessoas vão, estacionam e ninguém reclama
da mobilidade. No dia da Copa, se decreta feriado municipal e não vai
ter problema na mobilidade".
As autoridades só não comentaram o motivo de não terem tempo hábil para construir o que prometeram. Em novembro de 2011, o UOL Esporte já anunciava o cenário que agora é oficial.
É em virtude da falta de planejamento conjunto entre as duas esferas
administrativas e de uma série de erros e irregularidades apontados
reiteradamente desde 2010 por Controladoria Geral da União, Procuradoria
Federal e Ministério Público Estadual que a cidade chegará a 2014 sem
nenhuma das duas obras.
Na segunda quinzena de novembro do ano passado, o MPF (Ministério
Público Federal) afirmou ter disposição e embasamento técnico para
anular a concorrência pública aberta pelo governo do Estado para a
construção do monotrilho, cuja planta prevê a ligação do centro com a
região norte da cidade. A manifestação também foi assinada por
promotores estaduais.
À época, os procuradores federais vinham alertando há mais de um ano o
governo estadual de que a concorrência pública em curso para a
construção da obra estava "eivada de irregularidades".
"Diante da insistência dos gestores públicos em descumprir a
recomendação e seguir com o processo de licitação para o monotrilho, o
MPF/AM destaca que o projeto básico da obra não atende a vários
requisitos da Lei de Licitações (Lei 8.666/93), o que implica na
nulidade da concorrência pública, ainda que o processo seja concluído",
informou nota da Procuradoria.
OS ESTÁDIOS VÃO ESTAR PRONTOS, MAS A QUE PREÇO?
Dos R$ 6,7 bilhões aplicados até agora nas obras dos 12 estádios
para a Copa do Mundo de 2014, R$ 4 bilhões foram investimentos do
governo federal, e apenas R$ 612 milhões vieram da iniciativa privada,
ou 10.94% do total.
Mas o governo prosseguiu. Por irregularidades, o processo levou mais de
um ano. Quando saiu, não conseguiu obter a excelência técnica para
convencer a Caixa Econômica Federal a liberar os recursos.
Paralelamente, o governo percebia que não tinha dinheiro para pagar
todas as desapropriações necessárias. E assim seguiu a vida, até a
desistência oficial de honrar o que se assinou.
Já em relação ao BRT, a Controladoria Geral da União detectou problemas
no projeto em fevereiro de 2011. O órgão de controle federal apontou
que a obra do BRT da prefeitura e a do monotrilho estadual passavam, em
muitos pontos, pelas mesmas localidades, chegando até a ter pontos de
parada previstos exatamente no mesmo local, o que seria impossível de
operacionalizar, visto que as obras não estavam sendo construídas ou
pensadas integradamente. Assim, a Caixa também não liberou o empréstimo
para a obra municipal.
O governo amazonenense, até por pressão do prazo para a construção,
reduziu seu plano inicial do monotrilho a ser entregue até a Copa dos
originais 39 quilômetros para menos da metade, ou 15,5 quilômetros. Os
valores envolvidos na empreitada, porém, não tiveram semelhante queda.
mas agora isso tudo não é mais prioridade. Estado e município irão
sentar e pensar juntos em um plano de mobilidade urbana moderno e
eficiente para Manaus. Não para a Copa, claro. Para a Copa, é só
decretar feriado.
Todos os leitores do Valor são "ipso facto", bem informados. Sabem
que o mandato de Mervyn King, o atual Governador do "The Bank of
England" está terminando e que o banco e o Tesouro de Sua Majestade
estão à procura, com anúncios públicos no mundo, de um substituto.
No dia 9 de outubro na London School of Economics, para comemorar o
20º aniversário da introdução do sistema de "metas inflacionárias" na
Inglaterra, King deu uma aula interessante sobre a história do sistema,
seus fundamentos intelectuais, suas vantagens e seus problemas.
Refletiu sobre o período da "grande moderação" (1997-2007) e a
valorização da libra de 25% contra outras moedas, "não inteiramente
explicável", para revelar numa espécie de lamento: a tardia descoberta
que a estabilidade dos preços não é condição suficiente para a
estabilidade do sistema financeiro. Na última frase da humilde e
extraordinária confissão, King engole em seco a prepotência que costuma
dominar alguns pseudos cientistas monetários e entrega a sua mensagem:
"Entendemos menos do que gostaríamos sobre como funciona a economia." E
completou: "O desafio para melhorar nosso entendimento e desenvolver
novas ideias é para vocês - a próxima geração de estudantes e
acadêmicos na London School of Economics e noutros lugares. Vão em
frente."
A leitura das reflexões de um competente economista, suportado pelo
"crème de la crème" dos profissionais do departamento de pesquisa
econômica do Banco da Inglaterra, é um antídoto às proposições
apodíticas de analistas mais afoitos, que costumam afirmar o que
deveriam demonstrar. Outro dia um deles discorreu com toda a segurança a
respeito "dos efeitos sobre o consumo privado das despesas do governo"
usando implicitamente um modelo muito conhecido. Ignorou, sob os olhos
embevecidos do entrevistador que outro modelo, também respeitável
sugere conclusão oposta. Trata-se, obviamente, de um problema empírico,
mas o pior é que não há método econométrico que decida definitivamente
a questão. Ao contrário do que se poderia pensar, a afirmação não é
falta de conhecimento, mas produto do domínio da "antipatia" à política
governamental.
É o caso, por exemplo, da pergunta intrigante se o Brasil está
abandonando o famoso "tripé" da política econômica adotada em 1999,
depois de termos nos socorrido às pressas do Fundo Monetário
Internacional, e que não nos poupou de voltar a ele em 2002: 1º)
política fiscal responsável que mantenha relativo equilíbrio e produza
um superávit primário que reduza a relação dívida líquida/PIB a alguma
coisa parecida com 30% do PIB; 2º) meta inflacionária de 4,5% (+ ou -
2%) e ainda; 3º) um sistema de câmbio flutuante. No período de
1999-2011 isso produziu: taxa de crescimento médio do PIB 3,4%; taxa de
inflação média anual de 6,8%; déficit em conta corrente acumulado US$
188 bilhões. Esses números estão longe de razoáveis quando comparados
com outros países emergentes. Onde nossa diferença é significativa, é
no esforço de "inclusão" social visto no gráfico 1 e na convergência da
relação dívida líquida/PIB vista no gráfico 2, que têm tudo a ver com a
política social feita sob o controle da política fiscal. O último
mostra, aliás, a importância exagerada que se dá aos pequenos "desvios"
entre o superávit primário programado e o efetivamente realizado,
diante da tendência clara de queda da relação dívida líquida/PIB. O
pecado do governo é tentar mistificá-los com a contabilidade "criativa"
que lança dúvida sobre sua credibilidade. Mesmo usando o conceito de
dívida bruta/PIB (59%), a situação é confortável. A aritmética
preocupante é que o custo da dívida líquida é pouco sensível às
variações da taxa Selic, uma vez que as reservas e os imensos créditos
ao BNDES já somam um quarto da dívida bruta/PIB e rendem muito menos.
A crítica à política econômica do governo é bem-vinda
Os fatos não parecem indicar nenhum desvio mais importante na
política econômica canônica que vimos usando com o necessário
pragmatismo imposto pelas mudanças da realidade nacional e mundial. Um
magnífico artigo de dois sofisticados economistas do nosso Banco
Central (Sales, A.S. - Barroso, J.B.R. - "Coping with a Complex Global
Enviroment", W.P. 292, Oct. 2012) é leitura obrigatória sobre esse
assunto.
A crítica à política econômica do governo é bem-vinda. É mesmo uma
necessidade. Não é razoável supor que o simples fato de alguém estar
eventualmente numa situação de "poder" lhe transfere o benefício da
infalibilidade. Nem que, para o poder incumbente, a eleição por uma
maioria eventual lhe confira a "onisciência" que exija a sua
"onipresença". Mas a crítica há de ser objetiva e honesta sobre a
qualidade e eficiência dos instrumentos utilizados para atingir os fins
que levaram os eleitores a escolhê-lo. A crítica "aos fins" termina na
campanha eleitoral. A minoria há de conformar-se, por exemplo, quando a
sociedade exagera na escolha de mais "inclusão" do que "crescimento"
ou "estabilidade monetária", o que - os economistas sabem - pode levar,
no prazo médio, à perdição dos três! Nesse caso resta ao poder
incumbente trocar o pneumático com o carro andando, ou ser dispensado
na próxima eleição...
Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da
Fazenda, Agricultura e Planejamento. Escreve às terças-feiras
A política tecnológica é peça essencial de uma política industrial
contemporânea. Isso todos sabem. Mas qual política tecnológica? Essa é
uma pergunta de difícil resposta, ainda mais em países como o Brasil,
que estão a meio caminho do processo de desenvolvimento.
Existe uma linha de entendimento da questão que coloca ênfase na
geração de conhecimento. São os que defendem uma estratégia
"science-push", na qual universidades e centros de pesquisa devem
exercer a função de âncoras do sistema de ciência, tecnologia e
inovação. Se é certo que permita vencer algumas batalhas, é duvidoso
que essa estratégia possibilite "ganhar a guerra". Primeiro, devido à
grande distância da fronteira que atualmente caracteriza a maioria dos
campos de conhecimento no Brasil, trata-se de uma estratégia
excessivamente custosa quando contraposta as condições concretas de
mobilização de recursos para a sua consecução. Segundo e mais
importante, na ausência desses recursos, a massa crítica incipiente
torna muito lento o avanço em vista das dificuldades típicas das fases
iniciais de aprendizado tecnológico. Devido à óbvia retroalimentação
negativa entre custo e prazo, quando avaliada intertemporalmente a
estratégia tende a se tornar ainda mais custosa. E mais lenta. À
industria caberia tão somente ter paciência para colher os frutos do
necessariamente longo processo de acumulação de conhecimentos.
Uma segunda linha centra o enfoque nas necessidades. Nessa
estratégia "demand pull" dá-se o oposto. O foco é colocado na
indústria, devendo o sistema de C&T ser direcionado exclusivamente
para atender as necessidades mais prementes das empresas industriais.
Essa estratégia é, certamente, menos custosa. Porém, dado o atraso
relativo da indústria brasileira, causa e consequência de seu padrão de
especialização, o "velho novo" ofusca o "novo novo", condenando-a a
graus muito baixos de efetividade. O fato relevante aqui é que a
fronteira tecnológica se move e, para complicar, em direções nem sempre
corretamente antecipadas. Por isso, o direcionamento do esforço de
inovação exclusivamente para as necessidades do sistema produtivo pode
significar um enorme dispêndio de energia para atingir capacitações em
vias de se tornarem obsoletas. Ao invés do "catching-up", o risco real é
de se pavimentar o caminho para o "falling behind". No estágio intermediário de desenvolvimento industrial e tecnológico a virtude está igualmente no meio
No estágio intermediário de desenvolvimento industrial e tecnológico
a virtude está igualmente no meio. É preciso promover as necessárias
ligações entre o sistema de C&T e o sistema produtivo, mas não
apenas como uma iniciativa genérica de aproximação entre universidades e
empresas. A essência do problema não parece ser a existência de
conhecimento nas universidades que, por estar lá represado, não fica
acessível para a utilização industrial. O cerne do problema está na
ausência de massa crítica, para cuja formação se requer uma maior
seletividade e uma menor dispersão de recursos voltados para a
construção das capacitações requeridas.
Por isso, o fomento à inovação deve pautar-se por grande dose de
seletividade, mirando alvos muito claros e bem definidos, expressos em
objetivos específicos que deem margem à construção de indicadores de
acompanhamento e possam ser revistos periodicamente. Nesse sentido, é
preciso identificar "sistemas setoriais de inovação" (agronegócios,
pré-sal, saúde, etc.), o que, por sua vez, impõe um grande desafio
associado à institucionalidade da política tecnológica: além de fazer
as escolhas, é necessário legitimá-las.
Se não bastasse a complexidade que cerca a definição da estratégia
da política tecnológica, é também necessário um avanço compatível na
superação dos problemas concretos que dificultam a sua implementação. O
Brasil avançou com a segunda geração de políticas de inovação que,
hoje, vai muito além do apoio à instalação de infraestrutura física de
P&D. Não há dúvida de que a última década presenciou um aumento
significativo do volume de recursos destinado a essas atividades. Há
pouco mais de dez anos, esses recursos limitavam-se aos programas de
crédito reembolsável e não reembolsável operados pelo MCT e aos
incentivos fiscais muito limitados dos programas PDTI e PDTA ou muito
específicos da Lei de Informática.
Desde então, foi colocado à disposição das empresas brasileiras um
verdadeiro arsenal de estímulos para realizar atividades inovativas,
sejam incentivos fiscais à P&D automáticos, semelhantes aos
principais países do mundo; subvenção a projetos pré-selecionados;
apoio a fixação de pesquisadores nas empresas, variados programas de
financiamento ao empreendedorismo tecnológico, etc. Cabe destacar ainda
a construção de um arcabouço legal muito mais propício com a Lei da
Inovação de 2005, ou mais recentemente, margens de preferência nas
compras públicas, regimes tributários especiais, requisitos de conteúdo
local, dentre outras políticas de demanda.
Então, onde está o problema? O problema tecnológico básico é simples
de identificar, embora, reconheça-se, bastante difícil de resolver: o
governo constrói políticas de inovação voltadas para uma clientela com
um determinado perfil e os clientes, por sua vez, esperam do governo
políticas de perfil diferente. Cabe aqui uma analogia, possivelmente
tola mas, quem sabe, justificável em nome da economia de espaço. O
governo está oferecendo um supermercado (prateleiras repletas de
ingredientes). As empresas querem um restaurante (cardápio com pratos
já montados). David Kupfer é professor e pesquisador licenciado do Grupo
de Indústria e Competitividade do Instituto de Economia da UFRJ
(GIC-IE/UFRJ) e assessor da presidência do BNDES. Escreve mensalmente
às segundas-feiras. E-mail: gic@ie.ufrj.br/ www.ie.ufrj.br/gic.As opiniões expressas são do autor e não necessariamente refletem posições do BNDES.
O sucesso econômico de um país depende do ensino, capacitação e
saúde de sua população. Quando a população jovem é saudável e dispõe de
boas escolas, pode encontrar emprego, dignidade e ser bem-sucedida na
adaptação às flutuações do mercado de trabalho mundial. As empresas
investem mais, sabendo que seus funcionários serão produtivos. Muitas
sociedades pelo mundo, no entanto, não cumprem a tarefa de assegurar
assistência médica básica e ensino satisfatório para cada nova geração
de crianças que surge.
Por que essa tarefa de proporcionar ensino não é cumprida em tantos
países? Alguns, simplesmente, são pobres demais para oferecer escolas
razoáveis. Os próprios pais podem não ter gozado do ensino adequado, o
que os deixa incapazes de ajudar os filhos além do primeiro ou segundo
ano de escolaridade, de forma que o analfabetismo e falta de
conhecimento matemático básico são transmitidos de uma geração à outra.
A situação é mais complicada em grandes famílias (de seis ou sete
filhos), porque os pais investem pouco na saúde, nutrição e ensino de
cada filho.
Os países ricos, no entanto, também fracassam na tarefa. Os Estados
Unidos, por exemplo, permitem cruelmente o sofrimento das crianças mais
pobres. As populações pobres vivem em bairro pobres, com escolas
pobres. Os pais frequentemente estão desempregados, doentes,
divorciados ou até presos. As crianças ficam presas em um contínuo
ciclo geracional de pobreza, apesar da afluência da sociedade em geral.
Com demasiada frequência, as crianças que crescem na pobreza acabam
tornando-se adultos também pobres.
Os EUA estão quase com o pior grau de mobilidade social entre os
países de alta renda. As crianças pobres provavelmente continuarão
pobres; as crianças nascidas ricas provavelmente serão adultos ricos.
Essa imobilidade equivale a um profundo desperdício de talentos
humanos.
Um notável novo documentário, "The House I Live In" (a casa onde
moro, em inglês), mostra que a história dos EUA, em consequência de
políticas desastrosas, é ainda mais triste e cruel do que essa. Há
cerca de 40 anos os políticos americanos declararam uma "guerra às
drogas", aparentemente para combater o uso de cocaína e outras drogas
causadoras de dependência. Como o filme mostra claramente, contudo, a
guerra às drogas tornou-se uma guerra contra os pobres, especialmente
os de grupos minoritários pobres.
De fato, a guerra contra as drogas levou ao aprisionamento em massa
da população jovem, masculina e pertencente a minorias. Atualmente, há
2,3 milhões de pessoas presas* nos EUA, sendo que um número substancial
é de pobres que foram presos por vender drogas para sustentar seu
próprio vício. Como resultado, os EUA possuem o maior índice de
aprisionamento - alarmantes 743 presos para cada 100 mil pessoas!
O filme descreve um mundo de pesadelo, em que a pobreza de uma
geração é passada para a seguinte, com a cruel, dispendiosa e
ineficiente "guerra às drogas" facilitando o processo. Pessoas pobres,
frequentemente afro-americanas, não conseguem encontrar empregos ou
voltam do serviço militar sem capacitação ou contatos profissionais.
Caem na pobreza e voltam-se para as drogas.
Em vez de receber assistência social e médica, são presos e
transformados em criminosos. A partir daí, passam a entrar e sair do
sistema prisional e têm poucas chances de alguma vez vir a conseguir um
emprego legal que lhes permita sair da pobreza. Suas crianças crescem
sem um pai em casa - e sem esperança e apoio. As crianças de usuários
de drogas muitas vezes também se transformam, elas próprias, em
usuárias; elas também frequentemente acabam na cadeia ou sofrem
violências ou mortes precoces.
O mais insano em tudo isso é que os EUA não perceberam o óbvio - e
por 40 anos. Para quebrar o ciclo de pobreza, um país precisa investir
no futuro das crianças, não na prisão de 2,3 milhões de pessoas, muitas
por crimes não violentos, sintomas de pobreza.
Muitos políticos são cúmplices dessa insanidade. Brincam com os
medos da classe média, especialmente com o medo da classe média diante
de grupos minoritários, para perpetuar esse mau direcionamento dos
esforços sociais e dos gastos governamentais.
O ponto central é o seguinte: os governos têm um papel singular a
desempenhar para assegurar que todos os jovens de uma geração - tanto
as crianças pobres como as ricas - tenham oportunidades. Uma criança
pobre dificilmente sairá da pobreza vivida por seu pai ou mãe sem
programas governamentais fortes e eficientes que apoiem um ensino de
alta qualidade, assistência médica e nutrição satisfatória.
Essa é a genialidade da "social-democracia", filosofia em que
Escandinávia foi pioneira, mas que também foi adotada em muitos países
em desenvolvimento, como a Costa Rica. A ideia é simples e forte: todas
as pessoas merecem uma oportunidade e a sociedade precisa ajudar todos
a ter essa oportunidade. Ainda mais importante, as famílias precisam
de ajuda para criar crianças saudáveis, bem nutridas e escolarizadas.
Os investimentos sociais são altos, financiados por impostos elevados,
que os ricos pagam de verdade, em vez de driblá-los.
Esse é o método básico para interromper a transmissão
intergeracional de pobreza. Uma criança pobre na Suécia tem benefícios
desde o começo. Os pais da criança têm garantia de licença
maternidade/paternidade para ajudar a criar o filho. O governo, então,
oferece creches de alta qualidade, possibilitando à mãe - sabendo que o
filho está em um ambiente seguro - voltar a trabalhar. O governo
assegura que todas as crianças tenham vaga em pré-escolas, para que
estejam prontas para entrar na escola formal a partir dos seis anos. E a
assistência médica é universal, para que a criança possa crescer
saudável.
A comparação entre EUA e Suécia é, portanto, reveladora. A partir de
dados e definições comparáveis fornecidos pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os EUA têm um índice de
pobreza de 17,3%, quase o dobro do observado na Suécia, de 8,4%. O
índice de aprisionamento é dez vezes maior que o da Suécia, de 70
presos a cada 100 mil. Os EUA são mais ricos, na média, do que a
Suécia, mas a diferença de renda entre os mais ricos e os mais pobres
nos EUA é amplamente maior do que na Suécia. E os EUA tratam seus
pobres de forma punitiva, em vez de apoiá-los.
Uma das chocantes realidades dos últimos anos é que os EUA estão
quase com o pior grau de mobilidade social entre os países de alta
renda. As crianças pobres provavelmente continuarão pobres; as crianças
nascidas ricas provavelmente serão adultos ricos.
Essa imobilidade intergeracional equivale a um profundo desperdício
de talentos humanos. Os EUA pagarão o preço no longo prazo a menos que
mudem de rumo. Investir nas crianças e jovens traz o mais elevado dos
retornos que uma sociedade pode almejar, tanto em termos econômicos
como humanos. (Tradução de Sabino Ahumada)
* 1.usa.gov/TQelyy
Jeffrey D. Sachs é professor de economia e diretor do Instituto
Terra, da Columbia University. É também assessor especial do
secretário-geral das Nações Unidas no tema das Metas de Desenvolvimento
do Milênio.
Mesmo com todo o mistério que a atual transição política da China
está revelando ser, a nuvem de incerteza sobre o rumo da sua economia é
ainda mais intrigante. A necessidade de reequilíbrio agora é algo
conhecido universalmente. As necessidades de crescimento da China1
precisam ser guiadas pelo consumo. De fato, o crescimento dos países
emergentes em geral precisa vir de fontes mais sustentáveis (e,
portanto, domésticas). Bem menos conhecidos, são os três dilemas que
esse reequilíbrio levantará.
Primeiro, o dilema que a China enfrentará: essa orientação ao
consumo2 poderia aumentar o custo do capital para investimentos, em um
momento no qual o investimento é necessário para a urbanização e para
lidar com as mudanças demográficas. Por quê? Um consumo maior significa
que as famílias terão de economizar menos. A poupança das famílias
chinesas, no entanto, representa uma fonte cativa e barata de capital,
graças aos juros dos bancos comerciais, que em termos reais giram em
torno a zero.
Para encontrar um melhor retorno sobre o investimento, o capital
terá de mover-se para o interior da China, que é a chave para a próxima
fase de crescimento da China. Caso uma parte da mão de obra que migrou
para a China litorânea siga o capital e volte ao interior, o resultado
vai ser uma pressão prolongada de alta nos salários no litoral - boas
notícias para o consumo, más notícias para o investimento. À medida que
os fatores demográficos mudarem, vai ser necessário um maior
investimento em tecnologias que economizem mão de obra, para produzir
mais com menos funcionários e para sustentar um número crescente de
dependentes.
Segundo, o dilema que os países emergentes enfrentarão:
provavelmente há uma relação de troca entre incentivar o crescimento no
curto prazo e buscar as reformas que incentivarão o crescimento de
longo prazo. A maioria das economias de países emergentes3 tem espaço
para afrouxamento monetário e a maioria também tem espaço de manobra
fiscal. Valer-se de um afrouxamento generalizado, no entanto, tende a
(temporariamente) revigorar o modelo atual. Em 2009, a China elevou os
investimentos, a Índia elevou seu consumo e os exportadores de
commodities tornaram-se ainda mais dependentes das commodities - o que
deixou essas economias em desequilíbrio ainda maior. Os países
emergentes precisam resistir a esse impulso.
Terceiro, o dilema que o modelo de crescimento dos países emergentes
vai enfrentar: que não haja disponibilidade de demanda externa, com a
ressalva de que adotar uma estratégia voltada à demanda doméstica
também traz riscos, como explicado em artigo de Dani Rodrik, de
Harvard. O setor industrial em uma economia de mercado emergente,
mostra o professor Rodrik, é justamente o setor que pode convergir em
direção a seu homólogo4 em economias avançadas. Se o crescimento baseado
em exportações é coisa do passado, então, é improvável que o setor
industrial cresça rapidamente, o que deixa em risco a equiparação com as
economias avançadas. Os países emergentes, então, se veem presos entre
a incerteza em torno da demanda externa e entre o risco à convergência
do setor industrial, decorrente do crescimento baseado na demanda
doméstica.
Há alguma solução para restaurar o crescimento? Pode haver. Para
levá-la adiante, no entanto, as autoridades dos países emergentes
precisarão derrubar alguns de seus tabus. Primeiro, a política
industrial, não a política macroeconômica, precisa ser a pedra angular
da iniciativa de reequilíbrio. A macroeconômica pode beneficiar todos,
mas não pode redirecionar recursos dentro de uma economia com a
eficiência que a política industrial teria. A limitação é que a política
industrial depende da capacidade das autoridades para escolher os
investimentos "certos".
Segundo, as oportunidades geradas pela política industrial deveriam
ser financiadas, em sua forma ideal, via déficits em conta corrente.
Captar dinheiro das economias avançadas para financiar investimentos
com os altos retornos que só as economias de países emergentes podem
oferecer é algo natural; exportar o excesso de poupança para as
economias avançadas em troca de retornos parcos, não.
Por fim, esses déficits em conta corrente (se tolerados pelos
motivos corretos) não deveriam ser vistos como fator de agravamento da
estabilidade macroeconômica. O que parece ligar a vulnerabilidade
macroeconômica aos atuais déficits em conta corrente é apenas a
experiência passada. Essa é uma visão muito simplista, em um mundo no
qual as economias com déficits em conta corrente possuem reservas
internacionais substanciais, enquanto economias superavitárias possuem
necessidades de captação externa considerável. A macroestabilidade5
decorre do crescimento sustentado - nem mais nem menos.
Nem tudo, no entanto, é pessimista. Há garantia de certo otimismo
moderado. As reformas da Índia e México, algumas reformas no Brasil e a
rejeição de um orçamento insuficientemente reformista do presidente
Vladimir Putin na Rússia são bons sinais, embora a aplicação de fato
dessas mudanças continue sendo uma preocupação-chave. Além disso, o que
o modelo do professor Rodrik não captura é motor de longo prazo de
equiparação com as economias avançadas - as melhorias socioeconômicas.
Por essa métrica, ainda há espaço de sobra para convergência, mas os
países emergentes vão precisar, primeiramente, destrinchar os
empecilhos a seu crescimento, para que esses programas de melhoria
socioeconômica possam ser financiados. Tudo isso, entretanto, será de
pouco alívio até que o mistério em torno da transição política e
econômica da China seja esclarecido. (Tradução de Sabino Ahumada).
Manoj Pradhan é economista especializado em países emergentes no Morgan Stanley.
Nos últimos dois meses se observou um certo aumento, ainda que
tímido, do otimismo com respeito à perspectiva de crescimento da
economia para o ano de 2013. Com efeito, os dados mais recentes parecem
sugerir uma retomada do crescimento da produção industrial, condição
sine qua non para a obtenção de taxas de crescimento mais robustas para
o Produto Interno Bruto (PIB).
A partir dos dados da média móvel dos últimos 12 meses da produção
física da indústria de transformação (figura), a tendência polinomial
(ordem 6) da série de tempo sugere que o ciclo mais recente de queda da
produção industrial está se esgotando, e o cenário mais provável para
os próximos meses é de expansão do quantum produzido.
A equipe econômica do governo tem utilizado os dados mais recentes
da produção industrial para alardear o retorno da economia brasileira a
uma trajetória de crescimento acelerado a partir de 2013. Comenta-se
que a economia brasileira voltará a crescer a uma taxa entre 4% a 4,5%
ao ano de forma sustentada e sem pressões inflacionárias relevantes.
Sendo assim, o Brasil retornaria ao padrão de crescimento vigente
durante a "era Lula", afastando assim o risco de um retorno ao padrão
de crescimento do tipo "voo da galinha", vigente durante o período FHC.
Ciclo de queda da produção industrial está se esgotando. Expansão é o cenário para os próximos meses
Não compartilho do otimismo da equipe econômica do governo. Isso
porque a obtenção de uma taxa de crescimento entre 4% a 4,5% ao ano de
forma sustentada, sem a ciclotimia do "stop-and-go", requer não apenas a
adoção de medidas anticíclicas como tem sido feito pela equipe
econômica, mas a adoção de um conjunto de medidas de política econômica
que permitam a ocorrência de uma mudança estrutural na economia
brasileira. Mais especificamente, o crescimento acelerado e sustentado
do PIB exige a reindustrialização da economia brasileira.
No início do governo Lula em 2003, a economia brasileira apresentava
uma taxa de desemprego próxima a 12% da força de trabalho. Nessas
condições, o PIB pode crescer durante vários anos a uma taxa superior
ao limite dado pela soma da taxa de crescimento da população e a taxa
de crescimento da produtividade do trabalho, soma esta denominada de
"taxa natural de crescimento" pelo economista britânico R. F. Harrod.
Enquanto existir um "exército industrial de reserva", o crescimento do
PIB a uma taxa superior a natural não irá pressionar o mercado de
trabalho a ponto de induzir o surgimento da espiral salários-preços.
Nesse contexto, a economia poderá crescer de forma acelerada, sem
pressões inflacionárias relevantes.
Entre 2003 e 2010, a taxa de desemprego caiu de 12% para cerca de 5%
da força de trabalho enquanto o crescimento da economia se acelerava
de 2,5% ao ano (média FHC) para cerca de 4% ao ano (média Lula). A
redução do desemprego acompanhada por aceleração do crescimento é sinal
claro que, durante a era Lula, a taxa de crescimento do PIB foi maior
do que a natural.
Mas qual seria o valor da taxa natural de crescimento da economia
brasileira? A taxa de crescimento da população encontra-se atualmente
em torno de 1,3% ao ano. Essa taxa pode ser considerada como uma
variável exógena e, dentro de certos limites, independente da
performance da economia. A taxa de crescimento da produtividade do
trabalho na economia como um todo é uma variável endógena que depende,
em grande medida, da taxa de crescimento da produtividade do trabalho
no setor industrial. Esta, por sua vez, depende da taxa de crescimento
da produção industrial com base na assim chamada "lei de
Kaldor-Verdoorn". Segundo estimativas de Nassif, Feijó e Araujo (2012)1
o coeficiente de KV para a indústria brasileira no período 1990-2010 é
0,521. Sendo assim, se considerarmos um cenário no qual a participação
da indústria no PIB se mantém constante ao longo do tempo - de tal
forma que a taxa de crescimento do PIB seja igual a taxa de crescimento
da produção da indústria - e que a taxa de crescimento da
produtividade do trabalho no setor não industrial é igual a taxa de
crescimento da produtividade do trabalho na indústria; então a taxa
natural de crescimento (g) será dada por g = 0,0272, ou seja, 2,7% ao
ano!!!
Esses números apontam para a ideia de que um crescimento sustentado a
taxas robustas da economia brasileira não é possível sem mudança
estrutural. Em outras palavras, a produção física da indústria terá que
crescer a uma taxa maior do que o PIB (ou seja, a participação da
indústria no PIB deverá aumentar) para que a aceleração resultante do
ritmo de crescimento da produtividade do trabalho, na indústria e fora
dela, viabilize um aumento da taxa natural de crescimento da economia
brasileira.
Em suma, a retomada do crescimento a taxas robustas e de forma
sustentada ao longo do tempo exige um aumento da participação da
indústria no PIB, ou seja, a reindustrialização da economia brasileira.
Sem mudança estrutural a economia brasileira estará condenada a
repetir a ciclotimia do "voo da galinha" vigente durante a era FHC.
1 Nassif, A; Feijó, C; Araujo, E. (2012). "Structural Change and
Economic Development: is Brazil catching up or falling behind?". Anais
do V Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira.
Município de Sergipe pode ter nova eleição para prefeito
A eleição para prefeito em aproximadamente 90 cidades não terminou com a coleta e contagem de votos em 7 de outubro.
Levantamento do Congresso em Foco,
com base em dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
aponta que pelo menos 87 municípios, espalhados por 23 estados, correm o
risco de ter um novo pleito. Isso por causa do alto número de votos
anulados na corrida para as prefeituras.
Em Sergipe, o município de Aquidabã pode ter nova eleição.
No município, foram anulados 51,04% dos votos.
O resultado final ainda depende de julgamento no Tribunal Superior Eleitoral.
A propósito da política de proteção da indústria brasileira, que a
presidente Dilma Rousseff acaba de defender em discurso na ONU, algumas
considerações parecem, no mínimo, oportunas. À parte a discussão sobre
se o Brasil é protecionista ou pratica "iniciativas legítimas de
defesa comercial", como definiu a presidente, a questão central é que
nossa indústria tem baixa competitividade.
Isso, não somente por questões cambiais, mas por fatores
estruturais, entre os quais estão, de um lado, a alta carga tributária,
a péssima qualidade da infraestrutura, a baixa produtividade da mão de
obra e os custos do trabalho e de financiamento. São os explosivos
ingredientes do chamado "custo Brasil", que torna nossa produção mais
cara do que em outros países e potencializa os problemas de baixa
competitividade.
Mas, de outro lado, é preciso não perder de vista o fato de que o
setor tem uma péssima herança dos tempos de mercado fechado e
protegido. Dos anos 1970 até 1990, era proibido importar tudo e esse
gigantesco protecionismo garantiu à indústria uma enorme zona de
conforto, que não exigiu modernização, uma vez que não havia
concorrência externa e se dispunha de um grande mercado interno.
Quando o protecionismo prevalece, as indústrias tendem a se acomodar e deixam de investir em modernização
Desse período, o país herdou uma indústria automotiva sucateada até
os anos 1990, o atraso tecnológico decorrente da Política Nacional de
Informática dos anos 1970 e um passado de hiperinflação, até hoje na
memória da população adulta. Resumindo: as restrições impostas aos
produtos importados na fase protecionista retardaram o desenvolvimento
empresarial no Brasil.
A partir do fortalecimento do real e da abertura da economia às
importações, ficaram evidentes as graves deficiências produtivas de uma
relevante parcela das indústrias. A abertura econômica teve impacto
modernizante em alguns setores, que registraram importantes avanços
tecnológicos, mas grande parte das indústrias ficou menos competitiva
por várias razões e uma delas decorre, exatamente, da zona de conforto
gerada pelo excesso de protecionismo.
Não por acaso, costuma-se dizer que o uso do cachimbo entorta a boca.
Quando o protecionismo prevalece, as indústrias tendem a se acomodar
e deixam de investir em modernização, tecnologia e produtividade. Em
vez de oferecer produtos de qualidade internacional, trabalham com
custos altos e produtos ruins, comparativamente aos internacionais.
Resultado: ineficiência em vez de produtividade, conspirando contra o
crescimento do país.
A verdade é que continuamos pouco afeitos à competição e o governo,
ao trilhar o caminho do protecionismo (ou das "iniciativas legítimas de
defesa comercial", como diz a presidente), pouco tem feito para
reverter este cenário.
Vale lembrar algumas das medidas mais recentes, voltando há pouco
mais de um ano, quando foi anunciado o decreto que aumentou em 30
pontos percentuais o IPI sobre veículos importados - e olhe que, isso
para proteger uma indústria, toda multinacional, de importações de
apenas 5,9% do total do mercado de automóveis!
De lá para cá, foram sobretaxados os tênis asiáticos de alta
performance, impostos limites ao desembarque de carros mexicanos e
continuam em análise pedidos de salvaguarda a diversos setores, como o
têxtil e o de vinhos.
No início de setembro, o governo brasileiro anunciou a elevação das
tarifas de importação de 100 produtos, entre eles pneus, químicos,
móveis, petroquímicos e material de construção. A tarifa média de 12%,
já bem acima da média mundial, passou para 25%. E outra lista, com mais
uma centena de produtos, está sendo preparada para outubro.
Os aumentos ficam abaixo do teto de 35% estabelecido junto à OMC,
mas em vários casos a restrição é duplicada, porque a "iniciativa
legítima de defesa comercial" vale também para mercadorias já
protegidas por medidas antidumping.
A curto prazo, a restrição aos importados funciona às mil maravilhas
para os setores protegidos, mas prejudica os consumidores, pois a
concorrência reduz o poder de monopólio das empresas locais, e por
extensão, os preços. Em um prazo mais longo, no entanto, a proteção
contra a competição dos importados desestimula a economia brasileira
como um todo, além de reduzir a eficiência e a competitividade do país.
Não nos enganemos: a queda na produtividade reduz a capacidade de as
empresas de absorverem aumentos de custos sem repassá-los aos preços.
Se os salários aumentam mais que a inflação, como vem acontecendo, fica
mais evidente ainda a necessidade de se aumentar a produtividade e a
competitividade da indústria.
Para isso, não basta desvalorizar o real, baixar os juros ou adotar
"iniciativas legítimas de defesa comercial", porque o crescimento da
produtividade não se dá em um passe de mágica. Ao contrário, é uma
construção realizada passo a passo, ao longo do tempo.
Essa construção exige investimentos em novas máquinas e
equipamentos, que não apresentam cenário de retorno vantajoso no curto
prazo, e na formação e treinamento da mão de obra, e exige redução dos
vários impostos que estrangulam a produção. Também exige grandes
investimentos em pesquisa tecnológica e em inovação.
A exposição à concorrência externa obriga nossas empresas a
reduzirem custos, investir no processo de inovação e realizar alianças
estratégicas. Essa busca de adequação aos padrões internacionais gera
ganhos de qualidade e de produtividade, com reflexos na queda do nível
geral de preços dos produtos. A concorrência internacional incentiva o
desenvolvimento das empresas, gerando um nova dinâmica nas relações
empresariais.
Veja-se o exemplo de nossa agricultura. Na última década, sua
produtividade cresceu o dobro da média mundial, ou quatro por cento ao
ano, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE). O rendimento de algumas culturas, como milho, arroz e trigo,
aumentou bem mais do que em países produtores tradicionais, como
Estados Unidos, Canadá, Japão e Rússia.
A soja, por exemplo, é um caso de absoluto sucesso. Começou a se
espalhar pelo Brasil, a partir do sul, ao longo dos anos 60, e hoje,
graças a um forte avanço tecnológico, caminhamos para produzir oitenta
milhões de toneladas e ser o maior exportador mundial.
O setor não se acomoda: seu desafio continua sendo explorar novos
limites para garantir mais produtividade e sustentabilidade. E a
indústria?
Miguel Jorge, jornalista, foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no governo Lula (2007-2010).
Legislação brasileira não permite o uso de motores a diesel em carros de passeio
Por Fabiana Pimentel
SÃO PAULO - Um Ford New Fiesta acaba de vencer uma maratona
de economia de combustível. O modelo é equipado com motor ECOnetic 1.6
TDCi a diesel.
De acordo com o resultado da "ALD Automotive/Shell FuelSave MPG Marathon", realizada na Inglaterra, o veículo atingiu a marca de 46,25 km/l em um percurso de 600 km.
O veículo venceu por uma diferença de 2,5 km/h em relação ao segundo
colocado. O evento é realizado anualmente com a intenção de testar o
consumo dos veículos de produção. Resultado
O carro sofreu algumas alterações para
ficar econômico, entre elas, melhorias na calibração, nas relações de
transmissão e no sistema inteligente de recarga da bateria.
Outro fator que também contribuiu para a vitória do New Fiesta foi o
sistema Start-Stop, que desliga o motor quando o carro está parado no
trânsito e religa automaticamente quando o motorista tira o pé do freio.
Para a Ford, o resultado destaca a eficiência do motor diesel e como
mostra a influência do modo de dirigir no rendimento de combustível. Em
comparação com o consumo oficial de 36,39 km/l, no decorrer da prova o
Fiesta ECOnetic teve um desempenho 27% mais econômico
Com um pequeno atraso chega a coluna complementar sobre os eleitos das capitais do Estado.
Nesse post falaremos dos pontos que aproximam e dos que afastam Armando Batalha de João Alves.
Imagino que o 1º ponto e principal é a questão da "limpeza": Armando é "ficha-suja", enquanto João possui passe livre politicamente. São 2 carreiras conturbadas, mas a de Armando não se compara a de João.
O namorado da futura gestora de São Cristóvão possui uma história pra lá de conturbada. Reza a lenda que o mesmo chegou à velha cap sem nenhuma posse e lá trilhou um caminho de sucesso político e financeiro. Vereador, conseguiu alçar-se ao cargo de prefeito e lá permaneceu por 2 mandatos. Foi nessa época também, coincidência ou não, que seu patrimônio foi alavancado. Saiu do nada para virar um grande empresário. Segundo uma ex-esposa em entrevista a grande jornal grande parte de suas posses estão em nome de "testas-de-ferro", entre terrenos, aptos, casas, veículos, fazenda, pousada, postos de gasolina, entre outros bens difíceis de mapear. Tornou-se Deputado, mas não conseguiu concorrer a reeleição por conta de centenas de processos da época de prefeito. Muitas ações de improbidade administrativa, escandalos com relação a
leilões, dinheiro da educação, saúde, licitações e mais uma boa
quantidade de processos diversos por mau uso do erário. Curiosamente possui apenas, segundo declaração à justiça eleitoral, 2 casas e 1 veículo modelo Veraneio. Pobrezinho...
A seu favor muitos apontam sua capacidade política e um bom 1º mandato como prefeito. Resta apenas torcer para outro bom mandato, através da sua namorada.
João Alves possui uma história um pouco menos conturbada. É conhecido por muitos por ser um grande gestor e homem de trabalho. Engenheiro renomado, publicou diversos livros e na política esteve aliado fortemente a ditadura militar. Foi prefeito biônico de Aracaju e Governador do Estado por 3 mandatos, além de ter sido Ministro do Interior de José Sarney. Pesa contra ele algumas acusações de privilegiar sua construtora enquanto ocupante de cargo público, de mau uso do dinheiro público em obras "faraônicas" e projetos duvidosos no interior do Estado (Chapéu de Couro entre outros) característica notadamente da Ditadura e de problemas afins que desembocaram na prisão de parentes próximos pela Polícia Federal.
Como pontos positivos é reconhecido por ser um grande administrador público, com destaque na área de segurança e infraestrutura.
Mais um que vale torcer para que faça uma boa gestão.
É esperar para ver.
Os Favoritos para ganhar o Nobel de economia deste ano, que sai segunda próxima são: SirAnthony B.Atkinson Professor Pesquisadordo Departamento de Economia Universidade de Oxford, Oxford, InglaterraR.U. Por estudosde desigualdade de rendae contribuiçõespara o estadodo bem-estareeconomia do setor público -e- AngusDeatonS. Professorde Relações Internacionais da Dwight D.Eisenhower eprofessor de Economia eAssuntos Internacionais EscolaWoodrow Wilson PrincetonUniversity Princeton, NewJersey, EUA Pela a pesquisaempírica sobrerenda, consumoe poupança,pobreza e saúdee bem-estar.
Stephen A.Ross Professor daFranco Modigliani de Economia Financeirae Professor deFinanças OMITSloanSchool of Management Massachusetts Institute of Technology Cambridge, Massachusetts, EUA Por suateoria de precificação dearbitragem eoutrascontribuições fundamentaispara o financiamento.
RobertJ.Shiller Professor de Economia da Arthur M.Okun, da Fundação para a Pesquisaem Economia CowleseProfessor de Finanças O Centro Internacional deFinanças Universidade de Yale New Haven,Connecticut, EUA Por contribuiçõespioneiras àvolatilidade do mercado financeiroe da dinâmicade preços de ativos.
As eleições desse ano foram marcadas pela volta de velhas lideranças ao poder em 2 dos principais municípios de Sergipe. A 1º capital do Estado viu a esperta articulação de Armando Batalha, vencedor das eleições através de sua mulher, posta de última hora em seu lugar na candidatura, Rivanda Farias. João Alves venceu ainda no 1º turno em AracajuTown e retorna, como Armando, para sua 5º passagem em cargo eletivo.
Aparentemente 2 casos diferentes mas que no detalhe tem muito em comum.
No interior Armando aproveitou-se da falta de aliança adversária. Três candidatdos aparentemente dividiram o mesmo eleitorado (Wanderlê, Carlos Vilão e Betinho) e o fator que muitos apontavam como decisivo para a derrota dele no pleito anterior, o adversário único, dessa vez (a falta desse) o levou a vitória. A isso aliou-se a administração medíocre do prefeito atual. Na capital João aproveitou-se da falta de peso político do jovem Valadares. Faltou alguém mais cascudo para disputar com o octagenário político.
Em comum com Armando, além das 4 passagens por cargos eletivos, algo que deveria ser proibido diga-se de passagem, João também parece polarizar os votos de uma população desiludida. O eleitorado, nos parece, comporta-se como em um jogo de ping-pong, de um lado para o outro, polarizando a disputa entre a suposta esquerda de inclinações centristas representada por Marcelo Déda e a direita tradicional, encabeçada por João. Nesse momento as pessoas acusaram o insusesso do PT em Aju, trazendo João, um político historicamente rejeitado no interior, mas com boa aceitação na capital. Com Armando a coisa é parecida na questão mais geral: também ele foi beneficiado pelo insatisfação da população com o atual gestor municipal, que havia vencido o último pleito, justamente o qual Armando saiu derrotado, mas que desta vez soube capitalizar isso em seu favor.
Ou seja, o que se vê é o povo votando na oposição ciclicamente, seja ela quem for, alternando "velhas lideranças ultrapassadas" ou famílias no poder com apostas em "tábuas de salvação" quando as velhas lideranças se mostram desgastadas. Como dificilmente os gestores vão suprir as expectativas o povo então retorna frustado a opção anterior, trazendo mais do mesmo para a administração, até que surja alguém que seja carismático suficiente para ser catapultado ao status de liderança municipal ou mais, como foi o caso do atual governador.
Amanhã os ponto específicos que aproximam e afastam os candidatos vencedores de Aracaju e de São Cristóvão.
A
quem interessar possa: Defesa da tese de Mestrado "A Crise do Subprime,
o Efeito-Contágio e os Mercados Imobiliários do Brasil e dos Estados
Unidos". Terá lugar no NUPEC - UFS em frente a DiD. I e é aberto a
comunidade, começando hoje às 20:30 hs.
SÃO PAULO - Gastar menos do que ganha, evitar pagar contas em
atraso, olhar taxas de juro, poupar, investir... Na teoria, falar de
planejamento financeiro é bem fácil. No entanto, na prática nem sempre é
assim.
Apesar de comprometido em elaborar um orçamento que pudesse ajudá-lo a
entender melhor os seus gastos e, eventualmente, auxiliar no equilíbrio
das contas, o jornalista Fernando Borri, de 22 anos, passou a organizar
o seu orçamento com um planejamento financeiro em meados do ano
passado. Apesar de colocar tudo no papel, as contas nunca fecham no
final do mês.
“O planejamento não funciona por minha causa mesmo”, se culpa Borri.
“Preciso aprender a controlar melhor os gastos e a diferenciar vontades
de necessidades”, completa.
O analista de sistemas Rubens Yokomizo, de 29 anos, sente a mesma
dificuldade em planejar as finanças e culpa, principalmente, o
consumismo exagerado e as compras sem planejamento. “Acredito que muitos
dos meus erros sejam fruto do consumismo e do imediatismo em adquirir
um produto sem planejamento. Isso deve afetar diretamente minhas
contas”.
Não planejar compras e não controlar gastos são, de fato, algumas das
causas do fracasso de um planejamento financeiro. Mas, se eles sabem
exatamente onde está o problema, por que não conseguem corrigir o erro e
rever os hábitos em prol da saúde financeira? Razão x Emoção De acordo com Tahira Hira,
especialista em finanças pessoais e professora da Universidade de Iowa,
nos Estados Unidos, apesar de ser correto afirmar que, quanto mais
sabemos sobre determinado assunto, melhores são as nossas decisões a
respeito, quando se trata de dinheiro, muitas pessoas não usam todo o
conhecimento para conter determinados comportamentos. “Muitas forças
sociais e psicológicas influenciam nossas atitudes e muitas decisões são
tomadas sob essas influências”, revela.
A psicanalista Vera Rita de Mello Ferreira, autora de livros como “A
Cabeça do Investidor” e “Psicologia Econômica – estudo do comportamento
econômico e da tomada de decisão”, completa afirmando que a decisão de
planejar é baseada na razão, mas o que interfere no dia a dia da
organização das finanças é a emoção.
“O planejamento é feito pelo lado racional, mas o que interfere é o
lado emocional, o lado impulsivo, de fazer as coisas sem pensar”,
argumenta. “O planejamento financeiro é furado pelas ações do momento,
impulsivas, que enxergam outro pedaço da situação, da realidade, do
quadro. Assim, fica muito fácil esquecer qualquer tipo de planejamento
feito anteriormente”, finaliza.
Segundo a psicanalista, o planejamento é baseado no longo prazo,
enquanto as “furadas” têm como objetivo o curto prazo. “E como a gente
está sempre presente no curto prazo, porque é agora que a vida acontece,
a probabilidade de fazer coisas que contemplem o curto prazo sempre é
maior”, explica. “Assim, se a pessoa conseguisse perceber a diferença
dos prazos e das necessidades, respirasse fundo antes de tomar qualquer
atitude e mirasse no futuro, conseguiria conter ações impulsivas”,
ensina. “Mas isso é difícil, são poucas as pessoas que conseguem”,
pondera.
Por outro lado, segundo o especialista em economia comportamental Dan
Ariely, autor dos livros “Previsivelmente irracional” e “O lado bom da
irracionalidade”, é possível usar a emoção sem destruir o orçamento.
“Apesar de a emoção levar, normalmente, a ações impensadas quando o
assunto é planejamento financeiro, ela tem o lado bom de colocar a
pessoa para imaginar o futuro, o que pode motivar ações mais
planejadas”, opina. Segundo ele, essa é uma maneira de usar o lado
racional e o emocional juntos em prol do planejamento. Armadilhas Se você tiver mais informações sobre o
jeito que a sua cabeça funciona, reconhecendo determinadas ciladas,
fica mais fácil identificar certas atitudes que influenciam,
negativamente, no sucesso do planejamento financeiro. “Com informações
você tem um pouco mais de possibilidade de ‘se pegar no pulo’”, explica
Vira Rita.
Entre as armadilhas está o que se chama, na psicologia econômica, de contas mentais.
De acordo com essa teoria, do economista comportamental Richard
Thaler, costumamos separar nosso dinheiro em contas distintas (corrente,
de investimentos, gastos futuros) e, muitas vezes, imaginamos que a
nossa renda é suficiente para muito mais gastos do que ela realmente
comporta.
Segundo Vera Rita, existem diversas situações do nosso dia a dia que
nos levam a realizar contas mentais, como basear o planejamento no
salário bruto e não líquido e superestimar o limite do cartão de
crédito.
No primeiro caso, por exemplo, a pessoa que tem um ganho bruto -
antes dos descontos - de R$ 5.000; na hora de preparar o orçamento,
utiliza esse valor como base, sem levar em conta que, na realidade,
receberá, líquido, pouco mais de R$ 4.000 - descontando INSS e IR. Essa
diferença pode causar um grande estrago nas contas.
Com relação ao cartão de crédito, por conta da possibilidade de
comprar em diversas parcelas, muitas vezes sem juros, o consumidor se
perde nas contas, realizando cálculos inexistentes. O grande erro, nessa
hora, é sempre considerar o limite como valor disponível, sem calcular
as parcelas que estão pendentes e subtraí-las do total.
Outra armadilha é, segundo a psicanalista, a falácia dos custos
irrecuperáveis. Como ela mesma exemplifica, é o famoso “já que...”.
“A pessoa fura um pouco o planejamento e isso a deixa
superdesconfortável. É tão chato ter esse sentimento que ela pode
incorrer na falácia do ‘já que eu já me descontrolei, então vou
continuar gastando’”, afirma. “É igual a dieta: ‘já que comi um bombom,
vou comer a caixa inteira de chocolate’”, compara.
De acordo com a psicanalista, muitas vezes essas atitudes são tomadas
de forma inconsciente. No entanto, tendo ciência de que as armadilhas
existem, fica mais fácil tomar cuidado na hora de planejar e calcular,
tornando o seu orçamento o mais real possível. Driblando o emocional“Uma das minhas crenças
fundamentais sobre dinheiro é que tudo se resume a autocontrole: fazer
as coisas certas e prevenir-se de fazer as coisas erradas”. A frase é do
planejador financeiro Robert Brokamp, conselheiro do The Motley Fool,
companhia americana de soluções financeiras.
Mas como driblar o emocional e exercitar esse autocontrole em prol do
sucesso do planejamento financeiro? A resposta pode estar na força de
vontade!
De acordo com Brokamp, o professor de psicologia da Florida State
University, Dr. Roy Baumeister, defende que a força de vontade pode ser
aprimorada e exercitada com o objetivo de melhorar as finanças pessoais.
“Ela funciona como um músculo, ou seja, quando exercitada, se torna
mais forte”, revela. Baumeister é coautor do livro “Willpower:
rediscovering the greatest human strength (Força de vontade:
redescobrindo a maior força das pessoas). Em entrevista publicada no
GetRichSlowly.org, Baumeister disse que, para aumentar a força de
vontade e o autocontrole, é importante trabalhar sobre os hábitos, e
começar pelos mais fáceis.
Tahira Hira completa: “Devemos conhecer a nós mesmos, nossas forças,
nossas fraquezas e, principalmente, como elas interferem em nossas
finanças. A partir daí, devemos tomar medidas específicas para combater
as fraquezas e complementar as forças”, ensina.
Nessa mesma linha, Vera Rita de Mello Ferreira e Dan Ariely dão algumas dicas:
Deixe cartões e talões de cheque em casa – “Na hora que apenas o
lado emocional estiver dominando, não terá o que fazer, porque não terá
dinheiro para comprar”, diz Vera Rita.
Coloque um recado na carteira com o seu objetivo – Lembre da viagem
para a Europa no final do ano, da reforma da casa, do carro novo etc.
“Você se cutuca para ver se foca no longo prazo e deixa de lado os
desejos de curto prazo”, afirma a psicanalista.
Compartilhe planos e objetivos – “Quando alguém de fora está de olho, fica mais fácil atingir determinados objetivos”, provoca.
Conte até cem ou saia da loja e dê uma volta antes de comprar - “O
adiamento tira o quente da jogada e dá uma chance de pensar de novo”,
aconselha Vera Rita.
Torne o planejamento prazeroso – “Poupe para gastar e não para fazer
o dinheiro crescer”, ensina Ariely. “Aprendendo a gastar e se
permitindo isso, fica mais fácil pensar no futuro”, completa.
“A ideia aqui é primeiro criar uma estrutura para controlar o
comportamento. Depois de um tempo, ficará mais fácil se comportar de
forma responsável”, conclui Tahira.
No Brasil um grande número de analistas condena até um encontro
casual num elevador, do ministro da Fazenda e o presidente do Banco
Central. Isso revela que entendem mal o exercício da política monetária
e o da política fiscal. Exigir que o presidente do BC e o ministro da
Fazenda se ignorem, não passa de pura ignorância!
Para comprovar isso, nada melhor do que um anúncio conjunto de meia
página no "The Economist" de 15 de setembro de 2012 pelo Tesouro Inglês
(His Majesty Treasury) e do Banco Central inglês (Bank of England) no
qual convidam, para um concurso público, candidatos ao cargo de
presidente do banco. Em junho de 2013 deverá vencer o mandato do atual,
sir Mervyn King.
E como o feliz vencedor vai trabalhar? O mesmo anúncio informa: "O
presidente (the governor) trabalhará intimamente com o ministro da
Fazenda (chanceller of the Exchequer) e com o Tesouro (His Majesty
Treasury) que é responsável pelo estabelecimento das diretrizes dentro
das quais o banco deve operar". Se encontrarmos num "pub" tomando
"Guinness" e confraternizando os três ilustres personagens, não devemos
suspeitar que o "eleito" perdeu a sua "independência" como acontece em
Pindorama...
Fischer combina o conhecimento da Academia e do mundo
Falando de política monetária, Stanley Fischer, presidente do Banco
Central de Israel desde 2005, comentou um magnífico trabalho
(Cagliarini, A.-Kent, C.-Stevens, G. - "Fifty Years of Monetary Policy:
What Have We Learned?"). À sua excelência acadêmica ele soma agora a
experiência prática de dirigir um banco central, o que lhe dá muito
mais responsabilidade de quando vice-chairman do Citi (1988-1990) e
posteriormente, managing director do International Monetary Fund
(1994-2001).
Talvez não haja no mundo outro economista que tenha atingido a
excelência na Academia, metido as mãos nas entranhas do sistema
financeiro privado, aproveitado o poder arrogante do FMI e, no fim,
castigado com a presidência de um banco central num país onde as
dificuldades políticas e econômicas são notáveis. É por isso que o que
ele fala deve ser levado muito a sério.
Depois de mostrar que um sistema de metas de inflação relativamente
"flexível", no qual o banco central usa cuidadosa política monetária
que leva em conta seus efeitos sobre o nível de atividade para decidir
se a velocidade de retorno à meta é capaz de produzir o resultado
esperado de estabilizar a expectativa de inflação no longo prazo, ele
tece algumas considerações extremamente úteis que derivam de sua longa e
variada experiência. Divide-as em quatro itens:
1) o problema de um único instrumento com dois objetivos;
2) o "trade off" nulo no longo prazo entre inflação e crescimento que toma a mesma forma no curto prazo;
3) o problema da taxa de câmbio para as pequenas economias abertas e;
4) os problemas dos preços dos ativos, da estabilidade financeira e da supervisão macroprudencial.
Com relação ao primeiro, ele mostra a inutilidade do famoso teorema
que exige um número de instrumentos igual ao número de objetivos,
porque esse supõe a independência dos instrumentos e dos objetivos. E
conclui: "Portanto, não é geralmente verdade que por que o banco
central tem apenas um instrumento (a taxa de juros) ele pode
influenciar apenas um objetivo, a menos que o instrumento não tenha
nenhum efeito sobre os outros objetivos." No fundo trata-se de um
problema prático: de como chegar no entorno, ou seja, não precisamente
nos dois objetivos, usando um só instrumento.
Com relação ao segundo, sugere que a não existência de "trade-off"
entre inflação e variação do PIB no longo prazo, não é verdadeira no
curto prazo. Tal hipótese decorre da aceitação da teoria das
expectativas racionais que em geral é incorreta. A verdade, conclui
Fischer "é que o longo prazo é uma sucessão de curtos prazos e que em
todo momento o banco central tem de levar em conta esse "trade-off""
(no curto prazo).
Com relação à terceira questão, Fischer é categórico (uma mudança de
180 graus com relação à Academia, à prática do mercado financeiro e ao
FMI de então): "Nenhuma pequena economia pode ser indiferente ao
comportamento de sua taxa de câmbio, que compete com a taxa de juros
pelo papel de ser o mais importante preço relativo da economia
(certamente a palavra "real" poderia ser inserida duas vezes nessa
frase)". E acrescenta, do alto de sua experiência: "Os livros-texto
dizem que a política fiscal pode ser apertada para reduzir a taxa de
juro e, assim, reduzir os incentivos para a entrada de capitais. Essa é
uma boa história e é válida em certas circunstâncias. Usualmente,
porém, a política fiscal já tem problemas suficientes para administrar
as despesas do governo e seu financiamento sem ter que assumir a
responsabilidade pela política cambial. Dessa forma o problema volta ao
banco central e a outros instrumentos que não a política fiscal." Ele
reconhece as dificuldades do controle de capital, mas adverte que "um
banqueiro central nunca deve dizer que nunca"... vai utilizá-lo!
Com relação ao quarto item, resume a questão à de como enfrentar
"bolhas". O problema não é decidir se o banco central deve furá-las,
mas sim se ele deve levar em conta o estado dos mercados de ativos na
formulação da política monetária. A resposta de Fischer é simples e
direta: "Sim".
A vida ensinou-lhe a necessária humildade na combinação do
conhecimento acadêmico e o mundo real. Alguns de nossos arrogantes
analistas que se pensam portadores da "verdadeira ciência monetária"
fariam muito bem em tentar imitá-lo.
Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento.
COMENTÁRIOS DO BLOGUEIRO: Os EUA históricamente sempre mantiveram uma posição protecionista. Ainda hoje é fácil ver a enorme quantidade de subsídios que os agricultores estadunidenses recebem, numa situação extremamente favorável ante o mercado internacional. Os liberalistas muito dizem, mas os países que fizeram abertura inicialmente se fecharam e fizeram uma competição interna, colocaram suas economias em ritmo de globalização e atingirem as fronteiras tecnológicas, ou seja, uma abertura interna, para somente então, bem preparadas, efetivarem a abertura econômica, que agora sim, trará boas consequencias. Mas mesmo após a abertura países como os EUA mantém diversas medidas protecionistas e as expandem se assim perceberem necessário. Querer reclamar agora é fácil demais né?!
RODRIGO RUSSO
DE LONDRES 21/09/2012
-
09h06
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que vê como um "absurdo"
as acusações do governo americano de que o Brasil estaria adotando
medidas protecionistas e distorcendo o comércio entre os dois países.
Após abrir o segundo dia de uma conferência promovida pelo grupo
Economist em Londres sobre mercados de alto crescimento, Mantega usou
dados da Global Trade Alert para justificar que o Brasil adota muito
menos medidas protecionistas que os Estados Unidos.
"Além de medidas diretas de protecionismo, ainda temos o "quantitative
easing" [injeção de recursos na economia pelo Fed, o banco central dos
EUA], que é uma forma indireta de protecionismo, porque desvaloriza a
moeda local, reduz o valor do dólar, e um dos objetivos disso é poder
aumentar as exportações americanas", afirmou Mantega.
Anteontem, o governo americano encaminhou carta ao Itamaraty alertando
que sucessivos aumentos de tarifas sobre importações poderão manchar a
relação comercial entre os dois países e que isso pode levar a
contrapartidas americanas.
"Pelo contrário, nós até temos feito medidas de liberalização da
atividade comercial brasileira", destacou o ministro, que também
participou de um breve encontro com o ministro das Finanças britânico,
George Osborne.
Durante sua exposição na conferência da revista "Economist", de cerca de
30 minutos, Mantega pediu para protestar contra as críticas ao
protecionismo de Brasília. "Nós perdemos de longe da maioria dos países,
e inclusive somos o segundo que mais adotou medidas liberalizantes",
afirmou.
O ministro considera que, caso os efeitos da política americana cheguem
ao Brasil, o governo poderá atuar no mercado comprando dólares, para
evitar a valorização do real, e não descarta o aumento da tributação,
como do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), sobre operações de
caráter especulativo.
Totenham e Lazio fizeram um bom jogo em Londres pelo início da Liga Europa.
O time de Vilas Boas já dá mostras de já ter incorporado alguma coisa da sua filosofia de jogo. No 1º tempo manteve grande posse de bola, teve boas chances e conseguiu anular as principais peças ofensivas do time italiano, Hernanes, que esteve discreto e Klose. O time inglês conseguia pressionar com Bale e Lennon e compactava e sufocava a equipe adversária rapidamente quando sem a bola, com vários em seu campo de ataque. Outro que jogou bem
A Lazio só conseguiu sair da teia depois dos 30 do 1º tempo, quando conseguiu marcar um pouco mais a frente e mesmo com o domínio dos Spurs, a equipe italiana teve a chance mais incisiva e nas poucas vezes que se apresentou levou perigo e ao final da 1º etapa ensaiou uma blitz. A 2º etapa foi mais equilibrada, Hernanes caiu mais pela direita e esperava a linha de meio campo encurralar a defesa dos Spurs para ver se conseguia articular, enquanto sua equipe continuava a perder bolas na sua intermediária. No final o empate sem gols ficou de bom tamanho.
São as 2 prováveis maiores forças dessa competição. Os ingleses contam com bom elenco
e a Lazio conta com um time bem montado.
A superação da pobreza e da fome não pode desperdiçar tempo nem
escalas. Há premência de iniciativas públicas e privadas; não se
prescinde da agricultura familiar, tampouco do chamado agronegócio.
Cabe aos governos e à cooperação internacional harmonizar esse mutirão
ecumênico para que os ganhos da oferta se traduzam na redução da
carência.
Destinos humanos estão em jogo. A forma como uma sociedade enfrenta
esse desafio define não apenas a sorte dos que vivem do lado de fora da
cidadania. Ela ajuda a ordenar o padrão do desenvolvimento e
influencia as relações entre mercado, Estado e Democracia. Não são
opções teóricas nem ideológicas que nos devem guiar nessas decisões.
O melhor critério de avaliação dessas escolhas é ouvir a voz da
experiência. A América Latina tem um campo de provas avançado da
necessária convivência entre grandes e pequenos agricultores. Dez anos
de políticas sociais e produtivas em ambiente de expansão econômica
formam um repertório singular na trajetória regional.
Até que ponto esse impulso combinado gerou a aderência estrutural
desejada para desmontar o ciclo de reprodução da pobreza? A pergunta e a
resposta interessam à agenda mundial da luta contra a fome e a
miséria.
Nos anos 80, o fim de um ciclo de liquidez internacional escancarou a
fragilidade do modelo latinoamericano de crescimento. Nos anos 90, a
adesão ao cânone da autossuficiência dos mercados expôs as economias
regionais a sucessivos episódios de colapso financeiro e desmentiram a
existência dos contrapesos autorreguláveis prometidos pelo
laissez-faire. O custo social foi devastador: 31 milhões de
latinoamericanos caíram na miséria nos anos 90.
A contabilidade das perdas e danos abriu espaço a políticas
retificadoras, progressivamente incorporadas à agenda regional do
desenvolvimento. Um dado resume a abrangência desse novo marco: um em
cada cinco habitantes da América Latina e do Caribe, cerca de 113
milhões de pessoas, participa de programas de transferências
condicionadas de renda.
Embora inconclusa, essa travessia teve um efeito amortecedor nos impactos da crise mundial iniciada em 2007.
O PIB regional per capita recuou 3% em 2009. Ao contrário do que
ocorreu em outras crises, desta vez o saldo dos avanços não se
esfarelou: 41 milhões de pessoas deixaram a pobreza e 26 milhões
escaparam do torniquete da miséria na região desde 2002; nove milhões
retrocederam aos degraus que haviam superado.
Persistem todavia fragilidades estruturais. Elas favorecem recidivas
de miséria e fome, sobretudo no espaço que concentra o núcleo duro da
exclusão regional: o universo rural.
O contingente dos que vivem na miséria representa hoje cerca de 13%
da população regional: 35 milhões no espaço rural; 35 milhões nas
cidades.
A simetria aparente é enganosa. A indigência rural equivale a uma
fatia de 30% dos habitantes do campo, uma intensidade quase quatro
vezes maior que a urbana (8%), segundo a Cepal. Os dados radiografam
uma realidade que desautoriza ilusões na eficácia de automatismos
econômicos para corrigir a iniquidade social.
Entre 1980 e 2010, mas sobretudo na primeira década deste século, as
exportações agrícolas da região foram catapultadas por recordes
sucessivos de preços e volumes, puxados pela demanda mundial de
commodities.
Em meio a este ciclo, porém, a pobreza rural exibiu um recuo pífio
na América Latina e Caribe: de 60%, em 1980, caiu para 53% em 2010. É o
que mostra o "Boom Agrícola e a Persistência da Pobreza Rural na
América Latina e Caribe", estudo conjunto da Cepal, FAO e OIT.
O fato de que mais da metade da população residente no campo
continue miserável, coloca-nos diante de dois registros. E ambos
verdadeiros. Primeiro, oferta abundante não garante segurança alimentar
nem aos que vivem no seu entorno físico. Segundo, o grande negócio
agrícola veio para ficar, ocupa papel estratégico na geração de divisas
de países em desenvolvimento e é imprescindível no abastecimento
mundial.
Mas na América Latina e Caribe ele mostrou mais uma vez que oferta
não é sinônimo de acesso. A fome pode conviver perversamente com a
abundância.
O paradoxo evidencia a relevância de se consolidar uma terceira
perna para harmonizar o conjunto. Esse apanágio pertence às políticas
públicas. Cabe a elas consolidar direitos trabalhistas no campo,
erradicar a precariedade, respeitar a posse dos pequenos, realizar e
incentivar investimentos que promovam a segurança alimentar dos
vulneráveis, derrubar barreiras de gênero, fomentar a produção familiar,
cooperativizar a escala miúda, elevar a produtividade para gerar
excedente, renda e abastecimento no mercado interno.
A coagulação da pobreza e da fome no campo latinoamericano e
caribenho não é um ponto fora da curva, razão pela qual as lições da
experiência da região tem abrangência mais ampla. Das quase 900 milhões
de pessoas atingidas pela fome no planeta, 75% vivem na zona rural.
Mas a vulnerabilidade de quem gravita em torno da terra é maior. Um
terço da população mundial é formado por pequenos agricultores que
cultivam menos de 10 hectares: apenas 2% são tecnificados, mais de 70%
tem apenas a força de seus músculos como ferramenta. No século XXI, a
agricultura ainda é o maior empregador do mundo, 40% da humanidade
gravitam em torno dela.
A agenda latinoamericana de combate à fome e à pobreza, portanto,
ecoa carências transcontinentais. O mesmo se pode dizer do requisito
das políticas públicas para estender direitos trabalhistas, fomento e
cidadania ao campo.
José Graziano da Silva é diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO)