segunda-feira, 29 de setembro de 2014
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Como os ricos dominam
O estudo constata, de forma interessante, onde há convergência nas ideias e discursos e não ações, e onde esses itens divergem. Quando a atenção aos interesses das elites diverge daquilo que as massas desejam o discurso falacioso entra em cena. As implicações são diversas e em geral nefastas, e os que mais se aproveitem disso talvez ajam como a Rachel Sheherazade. Ela apresenta pontos de vista sectários e demagógicos, com má fé ou não...
11/09/2014 às 05h00
Por Dani Rodrik
Não é novidade que os ricos têm mais poder político do que os pobres, mesmo em países democráticos, onde cada cidadão tem direito a um voto. Mas dois cientistas políticos, Martin Gilens, da Princeton University, e Benjamin Page, da Northwestern University, publicaram estudo com conclusões nítidas, para os EUA, com implicações dramáticas para o funcionamento da democracia - nos EUA e em outros países.
A
pesquisa dos autores baseia-se em trabalhos anteriores de Gilens, que
compilou meticulosamente pesquisas de opinião pública em cerca de 2 mil
questões de política governamental entre 1981 e 2002. A dupla, então,
analisou se governo federal dos EUA adotou a política em questão num
prazo de quatro anos após a pesquisa e mensuraram em que medida o
resultado coincidiu com as preferências dos eleitores em diferentes
pontos da distribuição de renda.
Vistas
isoladamente, as preferências do eleitor "médio" - isto é, um eleitor no
meio da distribuição de renda - parecem ter uma influência fortemente
positiva nas ações efetivas do governo. Uma política que o eleitor médio
aprovaria tem uma probabilidade significativamente maior de ser
promulgada.
A
ampliação da desigualdade inflige dois golpes contra a política
democrática. A crescente desigualdade não apenas resulta em maior
exclusão das classes média e baixa, como também fomenta, na elite, uma
política venenosa de sectarismo
Mas,
como observam Gilens e Page, isso produz uma impressão enganadoramente
otimista das representatividade das decisões governamentais. As
preferências do eleitor médio e das elites econômicas não são muito
diferentes no que diz respeito à maioria das questões de política de
governo. Por exemplo, ambos os grupos de eleitores gostariam de ver uma
defesa nacional forte e uma economia saudável. Um teste melhor seria
examinar o que o governo faz quando os dois grupos têm pontos de vista
divergentes.
Para realizar esse teste,
Gilens e Page promoveram uma "corrida de cavalos" entre as preferências
dos eleitores médios e os pertencentes a elites econômicas - definidas
como o conjunto de indivíduos no décimo percentil superior da
distribuição de renda - para verificar quais eleitores exercem maior
influência. Eles descobriram que o efeito do eleitor médio cai para
níveis insignificantes, ao passo que o das elites econômicas permanece
substancial.
A implicação é clara: quando
os interesses das elites são distintos daqueles do restante da
sociedade, é a opinião das elites que conta - quase exclusivamente.
(Como explicam Gilens e Page, deveríamos considerar as preferências dos
10% mais ricos como representativas dos pontos de vista dos
verdadeiramente ricos, por exemplo, o 1% mais rico - a verdadeira
elite).
Gilens e Page relatam resultados
semelhantes para grupos de interesse organizados, que exercem uma
influência poderosa sobre a formulação de políticas. Como ressaltam os
autores, "faz muito pouca diferença o que o público em geral pensa"
depois que são levados em conta os alinhamentos dos grupos de interesse e
as preferências dos americanos ricos.
Esses
resultados desalentadores levantam uma questão importante: como é que
políticos que não correspondem aos interesses da grande maioria de seus
eleitores se elegem e, mais importante, são reeleitos, se atendem
predominantemente os interesses das pessoas mais ricas?
Parte
da explicação pode ser o fato de que a maioria dos eleitores têm
escassa compreensão de como o sistema político funciona e como ele é
tendencioso a favor da elite econômica. Como Gilens e Page enfatizam, as
evidências por eles comprovadas não implicam que a política
governamental deixe o cidadão comum em situação pior. Os cidadãos comuns
frequentemente obtêm o que querem em virtude do fato de que suas
preferências serem frequentemente similares às da elite. Essa correlação
entre as preferências dos dois grupos pode tornar difícil, para os
eleitores, discernir as tendenciosidades dos políticos.
Porém
outra, e mais perniciosa, parte da resposta pode estar nas estratégias
às quais os líderes políticos recorrem para serem eleitos. Um político
que representa os interesses das elites econômicas tem que encontrar
outros meios de apelar às massas. Essa alternativa é proporcionada pela
política de nacionalismo, sectarismo e identidade - uma política baseada
em valores e simbolismos culturais, e não em interesses concretos.
Quando as disputas políticas são travadas nesse terreno, as eleições são
vencidas por aqueles mais bem sucedidos em "estimular" nossos "genes"
culturais e psicológicos latentes, e não aqueles que melhor representam
nossos interesses.
É famosa a afirmação
de Karl Marx de que a religião é o "ópio do povo". O que ele quis dizer é
que o sentimento religioso pode obscurecer as privações materiais que
trabalhadores e outras pessoas exploradas vivenciam em suas vidas
quotidianas.
De maneira bastante
semelhante, a ascensão da direita religiosa e, com ela, de guerras
culturais em torno de "valores familiares" e outros temas extremamente
polarizadores (por exemplo, a questão da imigração) serviram para
blindar a política americana do forte aumento da desigualdade econômica
desde o fim dos anos 1970. Em consequência disso, os conservadores
conseguiram manter o poder, apesar de seu foco em políticas econômicas e
sociais contrárias aos interesses das classes média e baixa.
"Políticas
de identidade" são malignas porque tendem a estabelecer limites em
torno de um grupo de privilegiados e requerem a exclusão dos "outros" -
de outros países, valores, religiões ou etnias. Isso pode ser visto mais
claramente nas democracias não liberais, como Rússia, Turquia e
Hungria. A fim de solidificar sua base eleitoral, os líderes desses
países apelam fortemente a símbolos nacionais, culturais e religiosos.
Ao
fazê-lo, normalmente inflamam paixões contra minorias religiosas e
étnicas. Para regimes que representam as elites econômicas (e,
frequentemente, corruptos até a medula), é uma manobra que compensa
generosamente nas urnas.
A ampliação da
desigualdade nos países avançados e em desenvolvimento, portanto,
inflige dois golpes contra a política democrática. A crescente
desigualdade não apenas resulta em maior exclusão das classes média e
baixa, como também fomenta, na elite, uma política venenosa de
sectarismo.(Tradução de Sergio Blum)
Dani
Rodrik, professor de Ciências Sociais do Instituto de Estudos
Avançados, Princeton, Nova Jersey, é autor de "The Globalization
Paradox: Democracy and the Future of the World Economy". Copyright:
Project Syndicate, 2014.
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Pressão de Fux por nomeação da filha faz OAB alterar processo de escolha
60 dias de férias, salários absurdos, pessoas que estão acima da lei, falta de produtividade e nepotismo.
Em suma, o judiciário brasileiro se mostra um mundo à parte no Brasil. Ou não...
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/09/1519761-pressao-de-fux-por-nomeacao-da-filha-faz-oab-alterar-processo-de-escolha.shtml
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Um retrato do Supremo Tribunal
Coluna do Elio Gaspari para a Folha.
Alguns dos motivos da morosidade do judiciário brasileiro. Vale demais ler.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2014/09/1519473-um-retrato-do-supremo-tribunal.shtml
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