terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Japão registra seu 1º déficit comercial desde os anos 50

Autor(es): Por Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 03/01/2012
 

É o fim de uma era: o Japão poderá terminar 2011 com déficit na balança comercial pela primeira vez desde 1953, após ter se habituado a acumular enormes superávits com suas exportações, a exemplo do que faz a China.
A situação do Japão, terceira maior economia mundial, deve se refletir nas estatísticas da Organização Mundial do Comércio (OMC), com alterações na performance de países e queda em geral no volume de exportações e importações diante da desaceleração econômica global.
Em novembro, as exportações japonesas continuaram caindo, dessa vez 4,5% frente ao mesmo período de 2010. Já as importações cresceram 11,4%, alta pelo 23º mês consecutivo em razão de maior compra de petróleo.
A fragilidade das exportações japonesas começou no primeiro semestre por causa de problemas de suprimentos após o tsunami de março. Isso por sua vez causou dificuldades para a produção de muitas companhias estrangeiras dependentes de peças japonesas.
A deterioração econômica na Europa ampliou as dificuldades para as vendas japonesas no segundo semestre. A crise europeia atingiu os emergentes asiáticos, de forma que o Japão passou a vender também menos produtos como aço, semicondutores e outras partes eletrônicas para economias asiáticas, como China, Coreia do Sul e Taiwan.
A queda na produção industrial por emergentes asiáticos tende a pesar ainda mais na balança comercial japonesa em 2012, conforme já advertiram autoridades japonesas.
Além disso, as exportações nipônicas têm sido afetadas pelo iene forte contra o dólar americano e outras moedas. Tóquio fez duas intervenções no mercado, em agosto e outubro, para conter a valorização do iene, em plena guerra de divisas.
Na semana passada, os EUA acusaram não a China, e sim o Japão, por intervenções para enfraquecer a moeda. Em seu relatório semianual sobre câmbio, o Departamento do Tesouro americano repetiu que o yuan chinês está desvalorizado, mas evitou declarar que a China manipula a taxa cambial.
No entanto, Washington foi duro com o Japão, estimando que os japoneses devem fazer profundas reformas e desregular a economia, ao invés de se apoiar na baixa da moeda para manter a competitividade de seus produtos. Os japoneses reagiram insistindo que estão fazendo o que sempre fizeram: evitar uma alta excessiva do iene.
Tóquio coloca ênfase no impacto de um iene forte sobre seu setor industrial exportador, ainda mais quando a valorização da moeda força mais companhias a transferir a produção para o exterior em busca de mão de obra e outros custos mais baixos.
Em relação às importações, houve um crescimento no segundo semestre em parte por causa da alta do consumo de combustível fóssil. Após o tsunami de março, a oferta de energia elétrica das centrais nucleares diminuiu fortemente, levando o país a aumentar muito a demanda por combustível estrangeiro. Somente o volume de LNG (gás liquefeito) cresceu 35% em novembro comparado ao mesmo mês de 2010.

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